São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2000


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AMBIENTE
Investigação do Greenpeace mostra rota da Amazônia até Reino Unido
Londres usa madeira ilegal brasileira


RICARDO GRINBAUM
DE LONDRES

A madeira extraída ilegalmente da Amazônia está sendo usada em alguns dos endereços mais nobres de Londres. Um relatório do grupo ambientalista Greenpeace denuncia que as toras vão para obras do governo britânico, para uma prestigiada grife de móveis e até para a nova ala do British Museum, um dos museus mais prestigiados do mundo.
Da mata fechada no norte do Brasil ao British Museum, a investigação do Greenpeace durou dois anos. Os ecologistas se disfarçaram de estudantes e empresários, marcaram árvores com tinta fosforescente, usaram sensores eletrônicos e seguiram barcos e caminhões até completar o ciclo do desmatamento.
A investigação foi concentrada na área do rio Juruá, onde os ecologistas identificaram por avião cinquenta pontos onde eram jogadas no rio toras de samoama. Em botes, os ecologistas acompanharam as toras até Manaus.
Em Manaus, diz o Greenpeace, as toras são vendidas para uma madeireira da Malásia chamada WTK, conhecida no Brasil como Amaplac. Apesar de a samoama ser uma madeira rara, é transformada pela Amaplac em chapas de madeira prensada barata. Uma vez por mês, as chapas são embarcadas para o Reino Unido num navio da empresa alemã B & F.
Ao chegar ao Reino Unido, a madeira é distribuída por caminhões para comerciantes que abastecem construções do governo, a tradicional loja de móveis Heals e até as obras do novo salão do British Museum. O museu refuta a acusação.
"Nós exigimos que fornecedores usem material de fontes de desenvolvimento sustentável. Mas, por via das dúvidas, estamos checando a origem da madeira", disse Rebeca Chetley, que é porta-voz do museu.
De acordo com o Greenpeace, a Amaplac exporta 1.400 toneladas de samoama por mês e já foi multada várias vezes pelo governo brasileiro. O Greenpeace pede às empresas britânicas um boicote aos produtos da Amaplac e também à madeireira japonesa Eidai, que também foi investigada por comércio ilegal no Pará.
"Essas madeireiras trabalham de maneira ilegal. As empresas só devem comprar madeira de fornecedores que provem que trabalham com desenvolvimento sustentável", disse Brand Ramsey, do Greenpeace. A investigação teria contado com o apoio do governo brasileiro.


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