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AMBIENTE
Investigação do Greenpeace mostra rota da Amazônia até Reino Unido
Londres usa madeira ilegal brasileira
RICARDO GRINBAUM
DE LONDRES
A madeira extraída ilegalmente
da Amazônia está sendo usada
em alguns dos endereços mais
nobres de Londres. Um relatório
do grupo ambientalista Greenpeace denuncia que as toras vão
para obras do governo britânico,
para uma prestigiada grife de móveis e até para a nova ala do British Museum, um dos museus
mais prestigiados do mundo.
Da mata fechada no norte do
Brasil ao British Museum, a investigação do Greenpeace durou dois
anos. Os ecologistas se disfarçaram de estudantes e empresários,
marcaram árvores com tinta fosforescente, usaram sensores eletrônicos e seguiram barcos e caminhões até completar o ciclo do
desmatamento.
A investigação foi concentrada
na área do rio Juruá, onde os ecologistas identificaram por avião
cinquenta pontos onde eram jogadas no rio toras de samoama.
Em botes, os ecologistas acompanharam as toras até Manaus.
Em Manaus, diz o Greenpeace,
as toras são vendidas para uma
madeireira da Malásia chamada
WTK, conhecida no Brasil como
Amaplac. Apesar de a samoama
ser uma madeira rara, é transformada pela Amaplac em chapas de
madeira prensada barata. Uma
vez por mês, as chapas são embarcadas para o Reino Unido num
navio da empresa alemã B & F.
Ao chegar ao Reino Unido, a
madeira é distribuída por caminhões para comerciantes que
abastecem construções do governo, a tradicional loja de móveis
Heals e até as obras do novo salão
do British Museum. O museu refuta a acusação.
"Nós exigimos que fornecedores usem material de fontes de desenvolvimento sustentável. Mas,
por via das dúvidas, estamos checando a origem da madeira", disse Rebeca Chetley, que é porta-voz do museu.
De acordo com o Greenpeace, a
Amaplac exporta 1.400 toneladas
de samoama por mês e já foi multada várias vezes pelo governo
brasileiro. O Greenpeace pede às
empresas britânicas um boicote
aos produtos da Amaplac e também à madeireira japonesa Eidai,
que também foi investigada por
comércio ilegal no Pará.
"Essas madeireiras trabalham
de maneira ilegal. As empresas só
devem comprar madeira de fornecedores que provem que trabalham com desenvolvimento sustentável", disse Brand Ramsey, do
Greenpeace. A investigação teria
contado com o apoio do governo
brasileiro.
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