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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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DESASTRE EM ALCÂNTARA

Prefeitura da cidade e Agência Espacial Brasileira criam centro de informações para atender familiares dos mortos em acidente

Vítimas terão honras militares em São José

DO ENVIADO A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

As 21 pessoas que morreram no incêndio do VLS-1 em Alcântara (MA) na sexta-feira serão homenageadas com honras militares no CTA (Centro Tecnológico da Aeronáutica), em São José dos Campos (a 96 km de São Paulo).
Em reunião realizada ontem no CTA, representantes das famílias das vítimas do acidente concordaram com a realização de uma cerimônia cívico-militar quando os corpos chegarem à cidade.
"Será uma cerimônia de no máximo uma hora e meia, com salvas de tiros. Depois, as famílias decidirão onde será realizado o velório de cada uma das pessoas", disse Angelo Ananias, 42, cunhado do técnico em eletrônica de manutenção Sidney Aparecido de Moraes, morto em Alcântara.
O presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Luiz Bevilacqua, e o prefeito de São José dos Campos, Emanuel Fernandes (PSDB), anunciaram ontem a criação de uma comissão para apoiar as famílias das vítimas.
A comissão será formada por representantes do CTA, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), da AEB e da Prefeitura de São José dos Campos.
O funcionamento da comissão ainda não foi decidido, mas a idéia é que seja destinada uma sala na prefeitura para atender os familiares, centralizando as informações. Uma das maiores queixas dos familiares é a falta de informações sobre os corpos.
"Queremos desburocratizar as informações para os familiares e fornecer todo o respaldo jurídico-financeiro necessário para o traslado, o velório e o enterro das vítimas", disse Bevilacqua.
O presidente da AEB anunciou que as famílias das vítimas receberão indenizações do governo federal, mas não precisou os valores nem a forma de pagamento.
"As famílias dessas pessoas receberão do governo tudo o que tiverem direito, porque elas morreram em serviço, em um ato heróico, e merecem o respeito de todo o país." A primeira reunião da comissão acontecerá na tarde de hoje, segundo Bevilacqua.
O presidente da AEB rebateu as críticas feitas por deputados federais que consideraram que o dirigente da agência demonstrou "distanciamento grande da realidade" quando ironizou a notícia sobre o acidente com o VLS-1, com a expressão "só se for um foguete de São João", quando questionado sobre o acidente ocorrido na base de Alcântara, durante uma entrevista. Bevilacqua disse que a sua declaração não foi uma ironia nem uma brincadeira, e sim uma reação de surpresa.
"Eu estava totalmente convencido de que esse lançamento seria coroado de sucesso. O clima estava excelente, e todos os testes estavam indo muito bem, já que no dia anterior havia acontecido uma simulação que foi perfeita."
Segundo ele, como estava no meio de uma entrevista em que abordava o sucesso do acordo firmado entre Brasil e Ucrânia, a informação do acidente ainda não tinha chegado até ele.
"O acidente ocorreu quando eu estava em um clima muito animado. Eu realmente disse isso, não nego. Mas é o contexto que deve ser analisado, e não o episódio de forma isolada", disse Bevilacqua.
Sobre a afirmação do presidente da Comissão de Educação da Câmara, o deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), de que Bevilacqua deveria pedir demissão depois da gafe, o presidente da agência disse não faria comentários.
"Essa é a opinião dele. Eu estou com a consciência tranquila e sei que tenho trabalhado muito por este país. As explicações são essas. Se são satisfatórias ou não, não cabe a mim julgar", disse.
(ELIANE MENDONÇA e ROBERTO COSSO)


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