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Lula e Alckmin se igualam em metas para área científica
Para especialistas em política de ciência, candidatos darão continuidade a projetos para colocar a inovação em foco
Pesquisadores ouvidos pela
Folha dizem que promessas
terão de contar com verbas
de fundo para ciência que
hoje são retidas na Fazenda
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se ainda não está claro o
quanto o PT e o PSDB são parecidos em ideologia, pelo menos
na política científica as duas legendas já quase não se distinguem. A pedido da Folha, quatro especialistas em gestão na
área de ciência e tecnologia leram os programas de governo
dos candidatos a presidente
Lula e Alckmin. Para eles, as
propostas de ambos para o setor não diferem no bojo.
Os dois programas mantêm
foco na inovação, a pesquisa
para criação e aprimoramento
de bens tecnológicos. Como o
Brasil tem boa posição no ranking mundial de produção de
artigos científicos (é o 17º) mas
não no de patentes (27º), é consenso que possui um potencial
inexplorado de inovação.
"Essa preocupação dos dois
candidatos mostra que houve
uma mudança cultural no país
nos últimos dez anos", diz José
Fernando Perez, ex-diretor
científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo). "Agora
há algo mais próximo de uma
política de Estado, com visão
de longo prazo, em oposição à
política de governo." Para ele, a
disputa se dá na prática de gestão e liberação de recursos.
Os cientistas ouvidos pela
Folha, porém, foram unânimes
em dizer que para atingir as
metas propostas o país precisa
de todos os recursos do FNDCT
(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia), que hoje está com 60% da
verba retida para engrossar o
superávit primário.
"Se começarmos a enxergar
que esse tipo de recurso é investimento -porque conhecimento é investimento- vamos
ver que ele vai trabalhar a favor
do superávit", diz Jorge Bounassar Filho, presidente do Fórum das Fundações de Amparo
à Pesquisa. Ambos os candidatos prometem seguir um cronograma para liberar a verba
aos poucos até 2010.
Em seu programa, Lula também prevê maior papel do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) no fomento à ciência. "A
inserção do BNDES é fundamental para a ciência não ser
uma figura de retórica no governo", diz Ennio Candotti,
presidente da SBPC (Sociedade
Brasileira para o Progresso da
Ciência). Com relação ao foco
em inovação, Candotti o considera bom, mas diz que o país
tem de se preparar para o risco
de uma mecanização maior afetar o nível de emprego.
Para Hugo Resende, presidente da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras), a liberação
de verbas não resolve tudo sozinha. É preciso criar incentivos
para que a cultura científica
cresça nas empresas -e já existem meios para isso. "O principal é a subvenção econômica,
que facilita a contratação de
equipes de desenvolvimento
(...) para permitir criar produtos que atendam às necessidades de mercado", afirma.
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