|
Próximo Texto | Índice
ESPAÇO
Missão Rosetta quer ser a primeira a entrar em órbita de um astro desse tipo e pousar nele; chegada ocorre em 2014
Europeus iniciam hoje caça a cometa
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com mais de um ano de atraso,
a ESA (Agência Espacial Européia) começa hoje oficialmente
sua temporada de caça aos cometas. Se tudo correr bem, a Rosetta
deve se tornar a primeira missão a
se colocar em torno de um objeto
desse tipo e até mesmo promover
um pouso em sua superfície.
O lançamento estava marcado
para as 4h36 de hoje, a partir de
Kourou, na Guiana Francesa. Os
envolvidos na missão estão confiantes de que, desta vez, a tentativa de colocar a nave em seu caminho redundará em sucesso. "Estou muito confiante no lançamento do Ariane-5", diz Uwe
Meierhenrich, um dos cientistas
envolvidos na missão.
A Rosetta deveria ter sido lançada em janeiro do ano passado,
mas problemas com o Ariane-5
levaram a um adiamento da missão, o que causou grandes dificuldades. Originalmente, a sonda
iria visitar o cometa 46P/Wirtanen, aonde chegaria em 2011.
Com o atraso, os cientistas foram obrigados a trocar o alvo da
missão. Agora a nave deve rumar
para o 67P/Churyumov-Gerasimenko, um objeto maior e mais
ativo. E a chegada só ocorrerá em
2014, após uma complexa série de
manobras.
Os cometas são tidos como resquícios de uma época muito antiga do Sistema Solar, em que os
planetas estavam começando a se
formar. São compostos basicamente de gelo e rocha. Quando se
aproximam do Sol, a vaporização
do gelo provoca o surgimento das
famosas caudas, pelas quais adquiriram notoriedade. Desde
épocas remotas, seu surgimento
no céu foi rotineiramente tido como um sinal de má sorte.
Atualmente, entretanto, esses
astros são muito mais prestigiados. Os cientistas acreditam que
podem usá-los como referência
para decifrar os mistérios mais
antigos do Sistema Solar. Daí o
nome da missão -a Pedra de Rosetta foi o achado arqueológico
que permitiu que os estudiosos
decifrassem o significado dos antigos hieróglifos egípcios.
Se a missão da nova Rosetta for
bem-sucedida, poderá elucidar
até mesmo questões mais agudas,
como o processo que levou ao
surgimento da vida. Há quem diga que o impacto de cometas em
uma época remota foi o responsável pelo transporte dos compostos que permitiram que seres vivos surgissem por aqui.
"Uma meta central da Rosetta é
identificar estruturas de aminoácidos em gelo cometário, in situ, e
os aminoácidos são os tijolos moleculares das proteínas", afirma
Meierhenrich. Para isso, um pequeno módulo de pouso, chamado Philae, deve descer até a superfície para fazer análises do solo.
Embora a descoberta de vida
em cometas não faça parte das expectativas, os cientistas estão
prontos para o inesperado. "Não
esperamos encontrar aminoácidos que sejam resquícios de vida",
diz o alemão. "Entretanto, nossa
instrumentação seria capaz de
distinguir entre resquícios e precursores moleculares da vida."
E não é só a ESA que está interessada no estudo de cometas. A
Nasa (agência espacial americana) recentemente anunciou o sucesso da sonda Stardust, que coletou partículas da cauda de um cometa. E uma outra missão, chamada Deep Impact, deve ser lançada no final do ano. Seu objetivo:
chocar-se contra o cometa 9P/
Tempel 1 e tentar observar as características de seu interior.
Próximo Texto: Céu terá dois dos objetos visíveis no mês de abril Índice
|