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Análise química do cabelo pode indicar o paradeiro das pessoas
Teste consegue rastrear origem geográfica da água que compõe organismo
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Analisando as proporções de
dois elementos químicos no cabelo de uma pessoa foi possível
a cientistas dos EUA indicarem
em que região do país ela vive,
com alto índice de acerto.
O estudo decorre das diferenças físico-químicas entre
diversas fontes de água de torneira. A nova técnica tem potencial de ser usada na ciência
forense, em antropologia e arqueologia, dizem os cientistas.
A base do estudo é a noção de
que uma pessoa "é o que ela come" -ou bebe, como lembra
Thure Cerling, da Universidade
de Utah, um dos autores de um
estudo sobre a técnica na edição de hoje da revista "PNAS".
Ou seja, os elementos químicos
que constituem a comida e a
água vão parar no organismo de
quem comeu e bebeu.
Um mesmo elemento tem
variantes naturais com diferentes "massas atômicas", isto é,
com maior ou menor número
das nêutrons no núcleo do átomo. É o caso do mais leve urânio-235 e do mais pesado urânio-238. Cada uma dessas variantes é chamada de "isótopo".
A comparação da água de torneira com os cabelos mostrou
uma correlação de 85% na
composição isotópica. O modelo "pode ser aplicado em outros
países", disse Cerling à Folha.
Os cientistas já sabiam que a
relação entre os isótopos de
elementos como carbono, nitrogênio e enxofre em seres
humanos é fortemente correlacionada com a sua dieta.
Por exemplo, na Amazônia
se consome mais peixe; no Rio
Grande do Sul se come mais
carne bovina. "A diferença entre peixe e carne aparece nos
isótopos de carbono e nitrogênio", diz Cerling. "Ela pode ser
usada em amostras antropológicas ou arqueológicas para lidar com a mesma questão."
Mas não há uma maneira fácil de relacionar esses isótopos
com a origem geográfica da comida. Os cientistas precisam
de elementos mais fáceis de
rastrear. Cerling e colegas usaram como modelo os dois elementos constituintes da água,
hidrogênio e oxigênio. E foram
comparar a composição isotópica da água e do cabelo.
Os pesquisadores coletaram
amostras de água de torneira e
de cabelos em barbearias de 65
cidades de 18 Estados americanos. A idéia é que a maior parte
da água consumida por uma
pessoa seja de origem local.
Testando a água foi possível
ver que no norte de Montana a
água é isotopicamente mais leve, e que a do sul de Oklahoma
é isotopicamente mais pesada.
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