São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2008

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Sonda chega a Marte para escavar o solo

Espaçonave-robô Phoenix é a sexta a conseguir pousar no planeta; missão tem participação de engenheiros brasileiros

Sistema coletará amostra de poeira no norte marciano e estudará a possibilidade de água líquida e micróbios terem existido na região

DA REPORTAGEM LOCAL

"A Phoenix aterrissou", avisou a voz de um técnico da Nasa pelo sistema de áudio do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa), em Pasadena, na Califórnia. "Bem vindos ao hemisfério norte de Marte."
Com essas palavras a agência espacial dos EUA comunicou o sucesso do pouso da sexta espaçonave a conseguir chegar ao solo do planeta vermelho, ontem, às 20h53 (horário de Brasília). Logo após a confirmação, um ruído de aplausos e assobios tomou conta do centro de controle da espaçonave-robô.
O pouso bem sucedido, após uma viagem de dez meses, teve um sabor especial desta vez. Os cientistas que construíram a Phoenix trabalharam com orçamento e prazos apertados, e muita gente não estava pondo fé na missão. A missão Phoenix custou cerca de US$ 400 milhões -menos da metade do custo da sonda que pousou em Marte os jipes Spirit e Opportunity, em 2004. Os próprios cientistas encarregados da Phoenix pareciam incrédulos.
"Tudo indica que chegamos. Vamos esperar as primeiras fotografias", disse à Folha por e-mail o engenheiro brasileiro Ramon de Paula, um dos coordenadores da missão.
"Estou em choque", disse Barry Goldstein, diretor do projeto, à TV Nasa, logo após a confirmação do pouso. "Precisamos esperar os painéis solares da sonda se abrirem. Essa é uma das partes críticas."
Segundo os técnicos, a Phoenix deveria ficar fora do ar por algumas horas enquanto checava o estado de seus equipamentos. Até o fechamento desta edição, porém, não surgiu nenhum indício de que algo pudesse ter dado errado.
O grande temor dos cientistas, no entanto, era mesmo na aterrissagem, pois a Phoenix usou um sistema de pouso com foguetes retropopulsores semelhante ao da malfadada sonda Mars Polar Lander, que falhou ao chegar a Marte em 1999. O Spirit e o Opportunity já puderam contar com um sofisticado -e caro- sistema de airbags, que era mais confiável. De um jeito ou de outro, não é uma coisa simples frear um objeto voando a 20 mil quilômetros por hora e fazê-lo pousar no lugar desejado em outro planeta.
"Fazia 32 anos que nós não aterrizávamos com sucesso usando foguetes propulsores", afirmou Ed Weiler, diretor científico da Nasa, em referência às sondas Viking, da década de 1970. "Quando nós mandarmos humanos para lá, homens e mulheres, eles vão aterrissar usando foguetes e suportes, então é importante mostrar que ainda sabemos fazer isso."
O objetivo da Phoenix será coletar partículas de solo soltas para analisar a possibilidade de a superfície polar de Marte ter abrigado vida em algum momento do passado. O braço robô da sonda também vai escavar o chão congelado para analisar a história geológica da água no planeta. A missão deve durar três meses.
Desde 2002, cientistas sabem que a região próxima ao pólo norte de Marte é rica em água congelada, e esta pode ser uma boa região para a aterrissagem de uma possível missão com tripulação humana no futuro. (AFRA BALAZINA)

Com Reuters


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