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Sonda chega a Marte para escavar o solo
Espaçonave-robô Phoenix é a sexta a conseguir pousar no planeta; missão tem participação de engenheiros brasileiros
Sistema coletará amostra de poeira no norte marciano e estudará a possibilidade
de água líquida e micróbios terem existido na região
DA REPORTAGEM LOCAL
"A Phoenix aterrissou", avisou a voz de um técnico da Nasa
pelo sistema de áudio do JPL
(Laboratório de Propulsão a
Jato da Nasa), em Pasadena, na
Califórnia. "Bem vindos ao hemisfério norte de Marte."
Com essas palavras a agência
espacial dos EUA comunicou o
sucesso do pouso da sexta espaçonave a conseguir chegar ao
solo do planeta vermelho, ontem, às 20h53 (horário de Brasília). Logo após a confirmação,
um ruído de aplausos e assobios tomou conta do centro de
controle da espaçonave-robô.
O pouso bem sucedido, após
uma viagem de dez meses, teve
um sabor especial desta vez. Os
cientistas que construíram a
Phoenix trabalharam com orçamento e prazos apertados, e
muita gente não estava pondo
fé na missão. A missão Phoenix
custou cerca de US$ 400 milhões -menos da metade do
custo da sonda que pousou em
Marte os jipes Spirit e Opportunity, em 2004. Os próprios
cientistas encarregados da
Phoenix pareciam incrédulos.
"Tudo indica que chegamos.
Vamos esperar as primeiras fotografias", disse à Folha por e-mail o engenheiro brasileiro
Ramon de Paula, um dos coordenadores da missão.
"Estou em choque", disse
Barry Goldstein, diretor do
projeto, à TV Nasa, logo após a
confirmação do pouso. "Precisamos esperar os painéis solares da sonda se abrirem. Essa é
uma das partes críticas."
Segundo os técnicos, a Phoenix deveria ficar fora do ar por
algumas horas enquanto checava o estado de seus equipamentos. Até o fechamento desta edição, porém, não surgiu
nenhum indício de que algo
pudesse ter dado errado.
O grande temor dos cientistas, no entanto, era mesmo na
aterrissagem, pois a Phoenix
usou um sistema de pouso com
foguetes retropopulsores semelhante ao da malfadada sonda Mars Polar Lander, que falhou ao chegar a Marte em
1999. O Spirit e o Opportunity
já puderam contar com um sofisticado -e caro- sistema de
airbags, que era mais confiável.
De um jeito ou de outro, não é
uma coisa simples frear um objeto voando a 20 mil quilômetros por hora e fazê-lo pousar
no lugar desejado em outro
planeta.
"Fazia 32 anos que nós não
aterrizávamos com sucesso
usando foguetes propulsores",
afirmou Ed Weiler, diretor
científico da Nasa, em referência às sondas Viking, da década
de 1970. "Quando nós mandarmos humanos para lá, homens
e mulheres, eles vão aterrissar
usando foguetes e suportes, então é importante mostrar que
ainda sabemos fazer isso."
O objetivo da Phoenix será
coletar partículas de solo soltas
para analisar a possibilidade de
a superfície polar de Marte ter
abrigado vida em algum momento do passado. O braço robô da sonda também vai escavar o chão congelado para analisar a história geológica da
água no planeta. A missão deve
durar três meses.
Desde 2002, cientistas sabem que a região próxima ao
pólo norte de Marte é rica em
água congelada, e esta pode ser
uma boa região para a aterrissagem de uma possível missão
com tripulação humana no futuro.
(AFRA BALAZINA)
Com Reuters
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