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Grupo encontra rochas de quase 4,3 bilhões de anos no Canadá
Se confirmada, data será a mais próxima até agora do nascimento do planeta
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisadores acharam na
baía de Hudson, no interior do
Canadá, aquelas que podem ser
as rochas mais velhas da Terra
-ou ao menos, o pedaço mais
antigo da crosta do planeta derivado de outra parte antiga,
com quase 4,3 bilhões de anos.
Se confirmada, a data é a
mais próxima até agora da origem não só da crosta rochosa
da superfície da Terra, como do
próprio nascimento do planeta.
Os pesquisadores estimam que
a Terra tenha em torno de 4,6
bilhões de anos.
"Essas rochas do norte de
Québec ou têm 4,2 bilhões ou
4,28 bilhões de anos, ou são derivadas de um manto que é
realmente antigo -por assim
dizer, o "manto perdido" que
nós achamos que deveria estar
lá, e que nós agora encontramos, caso sejam mais jovens
que 4,2 bilhões de anos", diz o
pesquisador Jonathan O'Neil,
da Universidade McGill, de
Montréal, Canadá. O manto é a
camada do interior do planeta
entre a crosta e o núcleo.
O cinturão rochoso de Nuvvuagittuq foi primeiro observado como potencialmente antigo em 2001. Quatro pesquisadores do Canadá e dos EUA
analisaram agora a composição
de isótopos (variantes com diferentes massas atômicas) dos
elementos químicos samário e
neodímio das rochas para checar sua idade, e descreveram o
achado na edição de hoje da revista científica "Science".
O estudo envolveu uma "radiatividade extinta", de vida
curta, no caso do isótopo samário-146, que não existe mais na
Terra, tendo "decaído" (perdendo a radiação e se transformado) em neodímio-142.
"Se a idade aparente de 4,28
bilhões de anos é geologicamente significativa, o material
formador dessa rocha passa a
ser o mais antigo conhecido.
Até o presente a rocha mais antiga datada é o gnaisse acasta,
também do Canadá, com 4,03
bilhões de anos. Só que o gnaisse acasta foi datado com método mais robusto", afirma o pesquisador brasileiro Umberto
Cordani, da Universidade de
São Paulo, e também especialista em rochas antigas.
"O importante não é a idade,
e sim o conhecimento sobre o
que aconteceu nos primórdios
do planeta", afirma Cordani.
Rochas com quase 4 bilhões
de anos são raras. No Brasil, as
mais antigas estão no interior
da Bahia e têm em torno de 3,5
bilhões, diz o professor da USP.
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