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CLIMA
Aquecimento global pode mudar o ciclo do fenômeno
Estudo de coral do Pacífico revela como El Niño variava no passado
CLAUDIO ANGELO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um recife de coral no meio do
oceano Pacífico está ajudando os
cientistas a vasculhar o passado
do El Niño, o fenômeno que, de
tempos em tempos, enlouquece o
clima no mundo.
Estudando amostras de coral
coletadas no arquipélago de Kiribati, pesquisadores da Universidade do Colorado (EUA) descobriram que os ciclos do fenômeno
eram muito mais longos no século passado do que hoje em dia.
Dependendo da temperatura da
água, os corais acumulam níveis
diferentes do isótopo 18 do oxigênio. Estudando a variação desses
níveis numa camada de coral, os
cientistas conseguiram um registro das mudanças climáticas nos
últimos 155 anos.
O achado, publicado hoje na
"Nature", pode mudar os modelos climáticos usados atualmente
para prever o fenômeno -que levam em conta registros recentes,
indicando ciclos de quatro anos.
"No século 19 o fenômeno se repetia a cada dez anos e também
durava mais tempo", disse à Folha a geocientista Julia Cole, uma
das autoras do estudo.
Segundo Cole, a variação do fenômeno, causado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico tropical, está ligada a alterações climáticas naquela região.
Portanto, o aquecimento global,
agravado pela ação humana neste
século poderia, sim, estar relacionado a mudanças de periodicidade no El Niño.
"Nós vemos uma variação decadal forte no século 19, quando o
impacto humano no clima era pequeno. Achamos que essa seja
uma forma natural de comportamento do El Niño", afirmou.
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