São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2000

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CLIMA
Aquecimento global pode mudar o ciclo do fenômeno
Estudo de coral do Pacífico revela como El Niño variava no passado

CLAUDIO ANGELO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um recife de coral no meio do oceano Pacífico está ajudando os cientistas a vasculhar o passado do El Niño, o fenômeno que, de tempos em tempos, enlouquece o clima no mundo.
Estudando amostras de coral coletadas no arquipélago de Kiribati, pesquisadores da Universidade do Colorado (EUA) descobriram que os ciclos do fenômeno eram muito mais longos no século passado do que hoje em dia.
Dependendo da temperatura da água, os corais acumulam níveis diferentes do isótopo 18 do oxigênio. Estudando a variação desses níveis numa camada de coral, os cientistas conseguiram um registro das mudanças climáticas nos últimos 155 anos.
O achado, publicado hoje na "Nature", pode mudar os modelos climáticos usados atualmente para prever o fenômeno -que levam em conta registros recentes, indicando ciclos de quatro anos.
"No século 19 o fenômeno se repetia a cada dez anos e também durava mais tempo", disse à Folha a geocientista Julia Cole, uma das autoras do estudo.
Segundo Cole, a variação do fenômeno, causado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico tropical, está ligada a alterações climáticas naquela região.
Portanto, o aquecimento global, agravado pela ação humana neste século poderia, sim, estar relacionado a mudanças de periodicidade no El Niño.
"Nós vemos uma variação decadal forte no século 19, quando o impacto humano no clima era pequeno. Achamos que essa seja uma forma natural de comportamento do El Niño", afirmou.



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