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Paleontologia brasileira sente falta de deserto
DA REPORTAGEM LOCAL
Pena que o Brasil não tenha desertos. Se tivesse, provavelmente o complexo de
inferioridade de muitos paleontólogos brasileiros em
relação aos colegas argentinos não existiria. As vastas
terras áridas da Patagônia
argentina são uma verdadeira maravilha, quando se trata de preservar fósseis.
Quase sem chuvas e com
vegetação rala, elas permitiram aos vizinhos desenterrar grandes pedaços de animais espetaculares. São potências como o carnotauro,
primo chifrudo do tiranossauro, e o argentinossauro,
um brutamontes de mais de
60 toneladas, o ser mais pesado que já andou sobre a
superfície da Terra.
No Brasil, os terrenos cretáceos estão numa região
originalmente coberta de
mata, onde a ação das intempéries (chuva, vento, radiação solar) dificultam a
conservação, desarticulando
esqueletos e dissolvendo ossos. Mesmo que os lagartões
de lá tenham existido também aqui, é muito difícil para paleontólogos encontrar
os seus vestígios.
De animais maiores, como
os titanossauros, frequentemente se encontram ossos
como fêmures e sequências
de vértebras -que podem
dar uma idéia razoável de
como era o bicho. De carnívoros como os velocirraptores sobraram apenas os dentes, cuja cobertura de esmalte confere uma resistência
maior.
Achar ossos maiores desses animais, no meio da sopa
de migalhas produzida ao
longo de milhões de anos, é
o maior desejo dos pesquisadores. "Acho que é só cavar
mais que a gente encontra",
disse Bertini, da Unesp de
Rio Claro.
(CA)
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