São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2000

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Paleontologia brasileira sente falta de deserto

DA REPORTAGEM LOCAL

Pena que o Brasil não tenha desertos. Se tivesse, provavelmente o complexo de inferioridade de muitos paleontólogos brasileiros em relação aos colegas argentinos não existiria. As vastas terras áridas da Patagônia argentina são uma verdadeira maravilha, quando se trata de preservar fósseis.
Quase sem chuvas e com vegetação rala, elas permitiram aos vizinhos desenterrar grandes pedaços de animais espetaculares. São potências como o carnotauro, primo chifrudo do tiranossauro, e o argentinossauro, um brutamontes de mais de 60 toneladas, o ser mais pesado que já andou sobre a superfície da Terra.
No Brasil, os terrenos cretáceos estão numa região originalmente coberta de mata, onde a ação das intempéries (chuva, vento, radiação solar) dificultam a conservação, desarticulando esqueletos e dissolvendo ossos. Mesmo que os lagartões de lá tenham existido também aqui, é muito difícil para paleontólogos encontrar os seus vestígios.
De animais maiores, como os titanossauros, frequentemente se encontram ossos como fêmures e sequências de vértebras -que podem dar uma idéia razoável de como era o bicho. De carnívoros como os velocirraptores sobraram apenas os dentes, cuja cobertura de esmalte confere uma resistência maior.
Achar ossos maiores desses animais, no meio da sopa de migalhas produzida ao longo de milhões de anos, é o maior desejo dos pesquisadores. "Acho que é só cavar mais que a gente encontra", disse Bertini, da Unesp de Rio Claro. (CA)


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