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BIOTECNOLOGIA
Planta desenvolvida por sul-coreanos e americanos tem gene de bactéria e pode crescer em solo degradado
Arroz transgênico resiste a seca, frio e sal
DA REDAÇÃO
Pesquisadores da Coréia do Sul
e dos EUA produziram uma variedade de arroz geneticamente
modificado com um gene de bactéria que é capaz de resistir a seca,
frio e água salgada. Eles esperam,
agora, que o arroz tolerante a ambientes hostis possa ajudar agricultores a aumentar a produção
mesmo em solos degradados.
O grupo, da Universidade Cornell em Ithaca (Estado de Nova
York) e da Universidade Nacional
de Seul, adicionou ao genoma do
arroz um gene do micróbio E. coli
que traz a receita para a trialose,
açúcar que dá resistência à planta.
A pesquisa foi publicada na revista "PNAS", da Academia Nacional de Ciências dos EUA
(www.pnas.org). Segundo os autores, a expectativa é passar a desenvolver plantas para ajudar a
alimentar a população mundial.
"A população continua a crescer a uma taxa explosiva, nossa
terra arável está deteriorando, a
água doce está se tornando escassa e estresses ambientais representam ameaças ainda mais sérias
à produção agrícola e à segurança
alimentar", disse Ray Wu, biólogo
molecular em Cornell.
"Qualquer coisa que possamos
fazer para ajudar as plantas de interesse agrícola a lidar com limitações ambientais também elevará
a quantidade e a qualidade da comida para quem mais precisa."
Eles usaram a variedade Indica
do arroz, que representa 80% das
plantações do cereal no mundo e
é a mais consumida no Brasil.
Mas acreditam que outras espécies, como milho, trigo e soja também possam ser geneticamente
"engenheiradas" com a trialose,
um açúcar produzido por vários
tipos de organismo -de bactérias e leveduras a fungos e insetos.
"Mas não há muita trialose nas
plantas, exceto nas chamadas
plantas que ressuscitam, que podem sobreviver a secas prolongadas no deserto e voltam à vida
quando há umidade", disse Ajay
Garg, co-autor do estudo.
Propaganda
O discurso dos partidários da
biotecnologia contra a fome envolve polêmicas sobre segurança
para a saúde e para o ambiente e
acesso a mercados. Plantas como
o arroz dourado, geneticamente
enriquecido com caroteno (molécula que dá origem à vitamina A),
têm servido como peças de propaganda da indústria, mais preocupada em ganhar mercados em
países do Terceiro Mundo do que
em acabar com a fome.
O papel da biotecnologia na
produção de alimentos está sendo
escrutinado por um painel de especialistas designado pelo Banco
Mundial. O grupo deve produzir
um relatório no fim de 2003 sobre
os riscos e as oportunidades da
ciência para aumentar a quantidade de comida.
Segundo o cientista-chefe do
Banco Mundial, Robert T. Watson, 800 milhões de pessoas passam fome no mundo hoje e a produção precisará dobrar em 50
anos para atender à demanda.
Watson diz que é preciso avaliar
"os riscos e os benefícios" da biotecnologia, mas que também serão estudadas soluções da agricultura tradicional.
Com agências internacionais
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