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Lua de Saturno tem "ar" com oxigênio
Cientistas observaram de forma direta a presença do gás durante um sobrevoo não tripulado do satélite Reia
Descoberta foi feita pela
sonda espacial Cassini,
da Nasa; pesquisadores
dizem que chances de
vida por lá são baixas
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
A Terra ganhou uma companheira na galeria dos corpos celestes com forte presença de oxigênio na atmosfera. Astrônomos anunciaram que Reia -segundo
maior dos 62 satélites de Saturno- tem o gás.
Embora haja indícios claros da presença de oxigênio
em outros planetas e satélites
(como Europa, lua de Júpiter), a maioria dessas conclusões se baseia em observações indiretas, como as do
Telescópio Espacial Hubble.
Desta vez, a sonda não tripulada Cassini, da Nasa,
conseguiu de fato coletar o
gás. A descoberta será publicada numa edição futura da
revista "Science".
Para isso, ela sobrevoou o
satélite a uma distância de
apenas 97 quilômetros. Em
termos espaciais, isso significa que o dispositivo "passou
raspando" sobre a lua.
A quantidade de oxigênio
presente em Reia, no entanto, é muito inferior à que existe na Terra.
A atmosfera detectada pela Cassini, composta de oxigênio e dióxido de carbono
(CO2), é extremamente rarefeita, devido à baixa densidade e à massa pequena do satélite, entre outros fatores.
A capacidade de um corpo
assim conseguir reter gases e
formar uma atmosfera, aliás,
foi um dos aspectos que mais
intrigaram os cientistas. Normalmente, os corpos celestes
que possuem atmosfera costumam ser mais densos.
A densidade do nosso planeta, por exemplo, é de aproximadamente 5,5 g/cm3, enquanto à de Reia não passa
de 1,2 g/cm3. Isso significa
que o satélite é apenas um
pouco mais denso do que a
água, que tem 1 g/cm3.
DESABITADO
Embora a composição química de Reia seja teoricamente favorável à vida
-além do oxigênio recém
descoberto, ela é composta
principalmente de água no
estado sólido-, o cientista
que comandou o trabalho
afirma que essa possibilidade é remota.
"Todas as evidências da
Cassini indicam que Reia é
muito fria e desprovida de
água em estado líquido, o
que é necessário para a vida
como a conhecemos", disse
Ben Teolis, do Instituto de
Pesquisa do Sudoeste, no Texas (EUA), em entrevista ao
jornal britânico "Guardian".
Roberto Costa, professor
do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP) também
duvida da existência de vida
no satélite de Saturno.
"Essa descoberta não tem
realmente nada a ver com vida. Saturno está fora do cinturão de habitabilidade. Ou
seja, não tem água na fase líquida. Essas novas informações são realmente muito importantes, mas do ponto de
vista do estudo da formação
do Universo."
Apesar de terem detectado
a atmosfera, os cientistas
ainda estão desenvolvendo
(muitas) hipóteses para explicar sua formação. O oxigênio parece ser formado com a
"quebra" do gelo presente no
satélite, devido à influência
magnética de Saturno.
O dióxido de carbono também pode ter vindo do gelo,
ou ainda ter sido depositado
por materiais ricos em carbono que chegaram com o choque de minúsculos meteoros,
entre outras possibilidades.
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