São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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GENÉTICA

Pesquisa feita por japoneses compara cromossomo humano com o de animais e mostra equivalência de 98,5%

Detalhes separam chimpanzé do homem

MAGGIE FOX
DA REUTERS

Mudanças genéticas minúsculas se somam a grandes diferenças quando o DNA humano é comparado ao de chimpanzés, afirmam pesquisadores num estudo que explica como pessoas e outros primatas podem ser tão próximos e ainda assim tão distantes.
Geneticamente, chimpanzés são 98,5% idênticos aos humanos. Mas as diferenças entre as espécies são claramente profundas, e os geneticistas labutam para descobrir como variações tão sutis no DNA podem ser tão importantes.
"Claramente, as diferenças genômicas entre humanos e chimpanzés são muito mais complicadas do que a sabedoria convencional tem retratado", escreveram Asao Fujiyama, do Centro de Ciências Genômicas Riken, em Yokohama, Japão, e colegas no Japão, em Taiwan e na China, num artigo publicado na edição de hoje da revista científica britânica "Nature" (www.nature.com).
A comparação irá ajudar no entendimento de doenças e no trabalho de estudar as diferenças entre as seqüências genéticas de duas pessoas, a fim de determinar uma seqüência para servir de "base" para a determinação das variações individuais humanas.
A equipe de Fujiyama comparou o cromossomo 22 de três diferentes chimpanzés com seu equivalente nos humanos, o cromossomo 21. Eles procuraram diferenças que ajudariam a distinguir a seqüência humana da de seus primos menos inteligentes.
O grupo só encontrou 1,44% de DNA diferente no nível de letras individuais no código genético. Essas letras, A, C, T e G, representam os nucleotídeos que compõem o DNA de todas as criaturas vivas. Os nucleotídeos codificam aminoácidos, que por sua vez se combinam em proteínas, as responsáveis por quase tudo que acontece num organismo.
Os genes são combinações de letras que codificam um ou mais aminoácidos, com o objetivo de controlar ou produzir proteínas específicas usadas pelas células.
Há vastos trechos de DNA que não compõem genes, cuja importância ainda é desconhecida.
A equipe de Fujiyama descobriu diferenças que podem ser mais importantes que as pequenas trocas de letras. "Há um número impressionante [68 mil] de pequenos a grandes trechos de DNA que parecem ter sido ou ganhos ou perdidos em uma espécie ou outra", escreveram os pesquisadores. A esses trechos eles se referem como "indels", uma contração de "inserções ou deleções".
"Essas diferenças são suficientes para gerar mudanças na maioria das proteínas: de fato, 83% das 231 seqüências codificantes, incluindo genes funcionalmente importantes, mostram diferenças no nível da seqüência de aminoácidos", complementaram.
"Nossos dados sugerem que os "indels" nas regiões codificantes [genes] representam um dos maiores mecanismos para gerar diversidade de proteínas e caracterizar primatas mais evoluídos."
Em outras palavras, embora o DNA pareça extremamente similar em chimpanzés e humanos, as proteínas que ele no final codifica podem ser bem diferentes.

Cromossomos seqüênciados
Os cromossomos 9 e 10 do genoma humano, que contêm respectivamente 95 e 85 genes conhecidos associados a doenças como câncer, Alzheimer e esquizofrenia, foram completamente seqüenciados e analisados por pesquisadores britânicos. Os estudos também foram publicados hoje na revista "Nature".


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