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AIDS
Proteínas isoladas do sangue de indivíduos resistentes bloqueiam ação do vírus
Grupo acha defesa natural anti-HIV
MAGGIE FOX
DA REUTERS
Pesquisadores de Aids anunciaram ontem ter identificado uma substância procurada há muito tempo, que permite a algumas pessoas viver com o vírus HIV
por décadas sem adoecer.
Eles esperam poder usar o composto, que consiste em três proteínas chamadas alfa-defensinas, para desenhar drogas mais eficientes contra o vírus, que infecta
40 milhões de pessoas no mundo.
"Não será a solução final, mas é
mais uma arma no nosso arsenal
contra o HIV", disse David Ho, da
Universidade Rockefeller (EUA),
coordenador do estudo.
As proteínas são feitas por células CD8-T, do sistema imunológico, e bloqueiam a atividade do vírus. Já era sabido que células CD8
em alguns infectados pelo HIV estavam fazendo algo de especial,
mas ninguém sabia o quê.
Esses pacientes, chamados não-progressores de longo prazo, podem viver décadas sem desenvolver os sintomas da Aids, e há 16
anos os médicos tentam descobrir
o que eles têm de diferente.
Ho e seu grupo usaram chips de
proteína (dispositivos que ajudam a identificar proteínas feitas
por uma célula) para achar as alfa-defensinas. Eles ainda não sabem como elas bloqueiam o HIV.
Alguns cientistas disseram que
o estudo de Ho, publicado hoje na
revista "Science", não explicava
toda a questão dos não-progressores -que poderiam produzir
outras substâncias contra o HIV.
Mas Robert Siciliano, pesquisador de HIV da Universidade
Johns Hopkins, também nos
EUA, diz que o estudo responde a
muitas questões. "Até agora não
estava claro quais eram os componentes da atividade antiviral."
O grupo de Rockefeller disse
que, quando retirou as alfa-defensinas e um grupo de moléculas
chamadas beta-quimioquinas das
células CD8 de não-progressores
de longo prazo, elas pareciam tão
vulneráveis ao HIV quanto células de indivíduos comuns.
A resistência desses indivíduos,
no entanto, não significa imunidade: as células CD8 cortam a atividade do vírus de 40% a 60%,
mas eles acabam adoecendo.
Ho se disse animado com o estudo, mas pede calma. "Acho que
não está totalmente claro se podemos pegar essa descoberta e
transformar numa terapia útil", afirmou o pesquisador.
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