São Paulo, Sábado, 27 de Novembro de 1999


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CIÊNCIA
Remédios demais e pouco controle prejudicam idosas

MARCELO VALLETTA
da Reportagem Local

Os principais problemas relacionados ao uso de remédios por mulheres idosas são o excesso de medicamentos consumidos regularmente e o baixo rigor por parte das autoridades na entrada de produtos médicos no mercado.
É o que afirma estudo de pesquisadores brasileiros publicado na edição de novembro da "Revista de Saúde Pública".
A pesquisa avaliou o perfil do uso de medicamentos por meio de questionários respondidos por 634 mulheres com mais de 60 anos que frequentam a Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Um dos problemas considerados mais graves é o uso de vários remédios diferentes ao mesmo tempo. "Os idosos chegam a constituir 50% dos multiusuários de remédios", escreveram os pesquisadores.
"Encontramos pessoas que tomam até 17 remédios diferentes de uma só vez", disse uma das autoras do estudo, Gabriela Mosegui, professora do Instituto de Saúde da Comunidade da Universidade Federal Fluminense e pesquisadora do Núcleo de Assistência Farmacêutica da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz.
O consumo simultâneo de vários remédios prescritos por diferentes médicos pode modificar os efeitos dessas substâncias e causar sérios problemas de saúde. "Muitos idosos vão a vários médicos. Não há integração entre eles", disse Mosegui.
Outro problema grave é a baixa seletividade do mercado farmacêutico. Segundo a pesquisa, apenas 26% dos medicamentos citados pelas mulheres pesquisadas estão de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde. "Cerca de 17% dos medicamentos são inadequados para o uso", concluiu o estudo.
"No Brasil, existem de 20 mil a 40 mil remédios diferentes. Não se sabe as especialidades de todos eles", disse Mosegui. Entre os 538 princípios ativos encontrados nos remédios citados no estudo, "uns cinco ou seis são inclassificáveis".
A pesquisadora destacou a importância de uma avaliação adequada dos produtos que entram no mercado. "A Agência Nacional da Vigilância Sanitária deveria adotar medidas rigorosas com mais frequência, como fez em 1996, quando vários remédios foram retirados do mercado."
Segundo ela, o uso indiscriminado de medicamentos supérfluos pode onerar excessivamente o sistema sanitário.


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