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CIÊNCIA
Remédios demais e pouco
controle prejudicam idosas
MARCELO VALLETTA
da Reportagem Local
Os principais problemas relacionados ao uso de remédios por
mulheres idosas são o excesso de
medicamentos consumidos regularmente e o baixo rigor por parte
das autoridades na entrada de
produtos médicos no mercado.
É o que afirma estudo de pesquisadores brasileiros publicado
na edição de novembro da "Revista de Saúde Pública".
A pesquisa avaliou o perfil do
uso de medicamentos por meio
de questionários respondidos por
634 mulheres com mais de 60
anos que frequentam a Universidade Aberta da Terceira Idade da
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro.
Um dos problemas considerados mais graves é o uso de vários
remédios diferentes ao mesmo
tempo. "Os idosos chegam a
constituir 50% dos multiusuários
de remédios", escreveram os pesquisadores.
"Encontramos pessoas que tomam até 17 remédios diferentes
de uma só vez", disse uma das autoras do estudo, Gabriela Mosegui, professora do Instituto de
Saúde da Comunidade da Universidade Federal Fluminense e
pesquisadora do Núcleo de Assistência Farmacêutica da Escola
Nacional de Saúde Pública da
Fundação Oswaldo Cruz.
O consumo simultâneo de vários remédios prescritos por diferentes médicos pode modificar os
efeitos dessas substâncias e causar
sérios problemas de saúde. "Muitos idosos vão a vários médicos.
Não há integração entre eles", disse Mosegui.
Outro problema grave é a baixa
seletividade do mercado farmacêutico. Segundo a pesquisa, apenas 26% dos medicamentos citados pelas mulheres pesquisadas
estão de acordo com as recomendações da Organização Mundial
da Saúde. "Cerca de 17% dos medicamentos são inadequados para o uso", concluiu o estudo.
"No Brasil, existem de 20 mil a
40 mil remédios diferentes. Não
se sabe as especialidades de todos
eles", disse Mosegui. Entre os 538
princípios ativos encontrados nos
remédios citados no estudo, "uns
cinco ou seis são inclassificáveis".
A pesquisadora destacou a importância de uma avaliação adequada dos produtos que entram
no mercado. "A Agência Nacional
da Vigilância Sanitária deveria
adotar medidas rigorosas com
mais frequência, como fez em
1996, quando vários remédios foram retirados do mercado."
Segundo ela, o uso indiscriminado de medicamentos supérfluos pode onerar excessivamente
o sistema sanitário.
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