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Inpe lança plano para proteger
rede elétrica de raios violentos
Projeto vigiará eventos extremos ligados à mudança climática
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA
O Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais) lança na semana que vem um
projeto cujo objetivo é proteger a rede elétrica do país do
aumento alarmante das tempestades de raios, registrado
nas últimas décadas.
De 50 anos para cá, por
exemplo, o número de dias
de tempestade aumentou
50% na cidade de São Paulo.
A culpa, para boa parte da
comunidade científica, é do
aquecimento global.
"De fato, uma atmosfera
mais quente é sinônimo de
mais energia injetada no sistema climático, o que naturalmente leva a mais eventos
extremos, como as tempestades com muitos raios", diz
Osmar Pinto Junior, coordenador do projeto ClimaGrid.
A meta de Pinto Junior e
seus colegas do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe é criar um programa de
computador que congregue
informações sobre o estado
da rede elétrica e sobre parâmetros climáticos (temperatura e umidade do ar, força
dos ventos, presença e tipo
dos raios numa tempestade).
"Com isso, você poderia
prever os riscos que ameaçam o sistema e tentar compensar o problema de alguma forma", diz o cientista.
"Isso é fundamental, porque a tendência atual é usar a
rede elétrica da forma mais
refinada possível. Fala-se até
na possibilidade de pessoas
com painéis solares, por
exemplo, venderem energia
para a rede. Mas, para conseguir isso, vai ser preciso lidar
com as perturbações causadas pelos eventos extremos."
Relatos recentes indicam
que as tempestades de raios
passam por uma fase de mau
humor infernal nas áreas metropolitanas do país. O pesquisador do Inpe recorda
que, em Osasco, moradores
relataram 20 minutos de relâmpagos noturnos, graças
aos quais o céu ficou claro como se fosse dia. "Há casos de
mil raios em uma hora", diz.
Os pesquisadores estão
testando uma primeira versão do software em parceria
com a empresa EDP Bandeirante, distribuidora de energia da região do Vale do Paraíba. A ideia é que uma versão mais sofisticada do programa esteja disponível daqui a cerca de três anos.
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