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AMBIENTE
Animais circulam por todo o planeta e servem como "termômetro" para avaliar saúde dos ecossistemas marinhos
Tartaruga pode ajudar a preservar oceano
MARCELO LEITE
ENVIADO ESPECIAL A SAN JOSÉ (COSTA RICA)
A conclusão do 24º Simpósio da
Sociedade Internacional de Tartarugas Marinhas, encerrado ontem na Costa Rica, foi de que esses
répteis podem contribuir, com
seu inegável carisma, para reverter décadas de atraso na proteção
do que já foi chamado de "maior
ecossistema do Universo".
Como circulam por todos os
mares do planeta, as tartarugas
são ao mesmo tempo indicadores
sensíveis do estado dos oceanos e
os animais marinhos mais conhecidos pela ciência, embora ainda
existam lacunas no entendimento
de sua história natural.
O Atlântico Sul, por exemplo, é
um grande buraco. Segundo Roderic Mast, vice-presidente da organização não-governamental
Conservation International (CI) e
presidente do simpósio, a IUCN
(União Internacional para a Conservação da Natureza) já identificou essa área -sobretudo o oeste
da África- como região prioritária para pesquisa básica e aplicada
(por exemplo, medidas de mitigação para a pesca de espinhel).
Estima-se que, a cada ano, 40
mil tartarugas marinhas sejam
acidentalmente fisgadas ou se
enrosquem em linhas de espinhel.
Uma das principais vítimas é a
tartaruga-de-couro (Dermochelys
coriacea), a maior delas, que pode
chegar a 700 ou mais quilos na fase madura e é a menos comum no
litoral brasileiro. De 1982 para cá,
97% delas desapareceram das
praias do Pacifico -somente
3.000 fêmeas ainda voltam, a cada
ano, para pôr seus ovos na areia.
A principal iniciativa anunciada
no simpósio foi a destinação de
US$ 3,1 milhões, pela Fundação
das Nações Unidas e pela CI, para
estabelecer o Corredor Marinho
Pacífico Oriental Tropical. Trata-se de uma iniciativa conjunta de
Costa Rica, Panamá, Colômbia e
Equador, que abrangerá cerca de
2,1 milhões de quilômetros quadrados e havia sido anunciada em
setembro de 2002 pelos presidentes dos quatro países, na Cúpula
de Johannesburgo.
O ministro de Energia e Ambiente da Costa Rica, Carlos Manuel Rodríguez, esclareceu que os
limites da área marinha de proteção ainda não estão definidos,
nem o tipo de restrição e fiscalização. De concreto, por ora, há a decisão de destinar US$ 300 mil daquela dotação para a compra de
terras, a fim de ampliar o Parque
Nacional Baulas de Guanacaste.
"Baulas" é o nome regional das
tartarugas-de-couro. Uma das
mais importantes áreas de desova
é a localidade de Playa Grande, na
Província de Guanacaste. Sabe-se
que a D. coriacea circula pelas
ilhas da região incluída no corredor, como Cocos (Costa Rica),
Galápagos (Equador), Malpelo
(Colômbia) e Coiba (Panamá),
mas não muito mais do que isso.
"Não podemos proteger o que
ainda não conhecemos bem", disse Rodríguez. Ele anunciou também que seu país tem como meta
conferir algum tipo de proteção a
25% de sua zona exclusiva de exploração no mar. Mas disse que
vai demorar ao menos dez anos.
Hoje, apenas 1% dos oceanos se
encontram protegidos, contra
cerca de 12% dos ecossistemas
terrestres. E só uma pequena parcela desse 1% se encontra no regime de proteção absoluta.
O jornalista Marcelo Leite viajou à Costa
Rica a convite da Conservation International
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