|
Próximo Texto | Índice
CIÊNCIA
Pesquisa internacional mostra que expansão do cosmos pode ser mais rápida do que se supõe
Universo cresce mais depressa, diz estudo
RICARDO ZORZETTO
da Reportagem Local
O Universo pode estar se expandindo mais rapidamente do que os
cientistas imaginam, segundo estudo realizado por um grupo internacional de pesquisadores, publicado na edição de ontem da revista norte-americana "Science".
Os resultados da pesquisa sugerem a existência de uma força de
repulsão no Universo, que havia
sido prevista pelo físico alemão
Albert Einstein (1879-1955) e que
aumentaria a velocidade com que
os corpos celestes se afastam.
Essa força, que os pesquisadores
chamaram de antigravitacional,
agiria superando a atração da gravidade sobre os corpos, provocando a expansão contínua do Universo, sem a possibilidade, formulada pelo norte-americano Edwin
Hubble em 1930, de os corpos celestes virem a se colidir.
A equipe de Adam Riess, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e colaboradores dos EUA, da
Europa, da Austrália e da América
Latina, constataram essa força antigravitacional ao medir a radiação emitida por supernovas.
Supernovas são estrelas com
massa várias vezes maior que a do
Sol e que colapsaram devido à
ação da gravidade depois de consumir seu combustível nuclear.
No auge dessas explosões, o brilho
emitido pode ser mais intenso do
que uma galáxia com bilhões de
estrelas.
As observações mostraram supernovas que se encontravam
mais distantes do que indicavam
as estimativas existentes.
Apesar de os cientistas afirmarem que os resultados têm confiabilidade entre 98,7% e 99,99%,
eles dizem esperar confirmações
de seu estudo por outros.
"Se a descoberta for confirmada,
ela terá implicação fundamental
para o estudo do Universo, o conhecimento da idade das galáxias
e, eventualmente, até para a determinação do período em que surgiu a vida na Terra", afirma Laerte
Sodré Júnior, do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo.
Partindo do princípio de que o
Universo seria estático, Einstein
obteve em seus cálculos a chamada constante cosmológica.
Sem essa constante, na teoria da
relatividade geral de Einstein,
anunciada em 1917, os corpos celestes se afastariam a velocidades
cada vez menores. Depois, devido
à gravidade, esses corpos se aproximariam até colidirem.
Após Hubble (1889-1953) demonstrar exatamente essa expansão seguida de colisão, Einstein teria dito que a formulação da constante teria sido um grande erro.
Uma das hipóteses para a origem
dessa força de repulsão seria uma
forma de energia atribuída ao vácuo por teorias da física moderna,
segundo Hélio Fagundes, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista.
Próximo Texto | Índice
|