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BIOTECNOLOGIA
Técnica desenvolvida é semelhante à que criou Dolly
Método de clonagem gera vacas com células rejuvenescidas
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
Seis vacas clonadas nasceram
com células rejuvenescidas, ao
contrário do que havia acontecido com o primeiro mamífero clonado pelo mesmo processo, a
ovelha Dolly.
Os cientistas tinham levado
uma ducha de água fria quando
foi anunciado no ano passado que
Dolly tinha nascido ligeiramente
velha. Suas células têm uma estrutura celular ligada ao envelhecimento -o telômero- 20% menor do que ovelhas normais da
mesma idade.
A nova descoberta significa que
o chuveiro voltou a ter água quente. As seis vacas clonadas não só
nasceram com telômeros compridos, mas isso também significou
reverter o envelhecimento celular, pois os núcleos celulares das
quais elas foram clonadas foram
retirados de células com grau acelerado de envelhecimento.
O estudo foi feito por uma equipe liderada por Robert Lanza, da
empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology, dos EUA, e
foi publicado na revista "Science".
O processo de clonagem foi praticamente o mesmo usado para
criar Dolly e as seis vacas, feita pelo método de transferência nuclear. O processo consiste em colocar o núcleo de uma célula de
um animal adulto em um óvulo
imaturo, do qual se retirou o núcleo original. O embrião é então
implantado em uma mãe de aluguel.
A principal diferença está na célula que doou o núcleo e na forma
como foi tratada. No caso de
Dolly, o óvulo recebeu o núcleo de
uma célula de mama que tinha sido deixada em estado de hibernação, privada de nutrientes.
Já as vacas receberam núcleos
de fibroblastos (células de tecido
conectivo) que estavam senescentes, isto é, no final de suas vidas, só
capazes de no máximo mais quatro duplicações.
As seis vacas completaram um
ano sem apresentar problemas.
Estudos no seu material genético
indicaram que suas células rejuvenesceram, apesar de os clones
terem como partida células idosas. As células agora são capazes
de em média 93 duplicações,
comparadas com as 61 de um animal normal.
A principal diferença nas células de Dolly e das vacas está nos
telômeros, pequenos pedaços de
material genético e proteína.
A cada divisão celular o telômero se gasta um pouco; esse encurtamento é um sinal de envelhecimento da célula. Mas ainda não se
sabe se isso significa que as vacas
viverão mais, e Dolly, menos, que
a média das suas espécies.
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