São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2000


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BIOTECNOLOGIA
Técnica desenvolvida é semelhante à que criou Dolly
Método de clonagem gera vacas com células rejuvenescidas

RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha

Seis vacas clonadas nasceram com células rejuvenescidas, ao contrário do que havia acontecido com o primeiro mamífero clonado pelo mesmo processo, a ovelha Dolly.
Os cientistas tinham levado uma ducha de água fria quando foi anunciado no ano passado que Dolly tinha nascido ligeiramente velha. Suas células têm uma estrutura celular ligada ao envelhecimento -o telômero- 20% menor do que ovelhas normais da mesma idade.
A nova descoberta significa que o chuveiro voltou a ter água quente. As seis vacas clonadas não só nasceram com telômeros compridos, mas isso também significou reverter o envelhecimento celular, pois os núcleos celulares das quais elas foram clonadas foram retirados de células com grau acelerado de envelhecimento.
O estudo foi feito por uma equipe liderada por Robert Lanza, da empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology, dos EUA, e foi publicado na revista "Science".
O processo de clonagem foi praticamente o mesmo usado para criar Dolly e as seis vacas, feita pelo método de transferência nuclear. O processo consiste em colocar o núcleo de uma célula de um animal adulto em um óvulo imaturo, do qual se retirou o núcleo original. O embrião é então implantado em uma mãe de aluguel.
A principal diferença está na célula que doou o núcleo e na forma como foi tratada. No caso de Dolly, o óvulo recebeu o núcleo de uma célula de mama que tinha sido deixada em estado de hibernação, privada de nutrientes.
Já as vacas receberam núcleos de fibroblastos (células de tecido conectivo) que estavam senescentes, isto é, no final de suas vidas, só capazes de no máximo mais quatro duplicações.
As seis vacas completaram um ano sem apresentar problemas. Estudos no seu material genético indicaram que suas células rejuvenesceram, apesar de os clones terem como partida células idosas. As células agora são capazes de em média 93 duplicações, comparadas com as 61 de um animal normal.
A principal diferença nas células de Dolly e das vacas está nos telômeros, pequenos pedaços de material genético e proteína.
A cada divisão celular o telômero se gasta um pouco; esse encurtamento é um sinal de envelhecimento da célula. Mas ainda não se sabe se isso significa que as vacas viverão mais, e Dolly, menos, que a média das suas espécies.


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