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Grupo "acorda" bactéria congelada há 500 mil anos
Estudo extrai DNA vivo mais antigo do mundo e mostra como micróbio se mantém
Trabalho resolve enigma da
dormência dessas criaturas
e indica que solo gelado de
Marte ainda pode abrigar
"matusaléns" microbianos
ESA
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Solo congelado de Marte pode abrigar bactérias adormecidas |
DA REDAÇÃO
Bactérias que se mantiveram
vivas por meio milhão de anos
ajudaram um grupo internacional de cientistas a entender
o segredo da longevidade desses micróbios -na Terra e talvez até fora dela.
Os pesquisadores descobriram que algumas bactérias
conseguem respirar e manter
um mínimo de atividades metabólicas mesmo em ambientes
extremos, como o solo congelado da Sibéria. Assim, seu DNA é
capaz de se reparar dos danos
que sofre nessas condições,
permitindo que elas vivam.
A aparente "ressurreição"
dos micróbios era algo que havia muito intrigava os cientistas. A hipótese parcialmente
aceita até então era que no gelo
as bactérias entrariam em um
estado de dormência -situação
que aumenta a tolerância ao estresse e a resistência a condições adversas. O problema é
que, com o tempo, células dormentes ficam metabolicamente inativas. Seu DNA deixa de
fazer os autoconsertos necessários para sua sobrevivência e
acaba se degradando.
As bactérias, no entanto, não
seguem esse padrão. O genoma
dos micróbios achados em solo
congelado costuma ficar intacto. Em estudo publicado hoje
na revista "PNAS", a equipe liderada por Eske Willerslev, da
Universidade de Copenhague
(Dinamarca), explica por quê.
Analisando amostras de bactérias de 500 mil anos encontradas no permafrost da Sibéria, do Canadá e da Antártida,
os pesquisadores detectaram
pela primeira vez sinais diretos
de respiração, ao captarem a
produção de CO2. Eles acreditam que o nível de dormência é
baixo o suficiente para manter
as atividades metabólicas.
O estudo sugere que o permafrost possa abrigar um conjunto de bactérias desconhecidas que resistiram às mudanças climáticas do passado. Para
Vivian Pellizari, da Universidade de São Paulo, que estuda microorganismos da Antártida, as
aplicações são variadas. "Essas
bactérias podem representar
um elo importante para o conhecimento da evolução da vida no planeta", diz. E também
em outros mundos.
Os autores acreditam que se
Marte ou a lua Europa, de Júpiter, já abrigaram algum tipo de
vida similar a bactérias, elas
também podem permanecer
vivas no permafrost. "Este mecanismo de reparo pode muito
bem ter sido empregado na sobrevivência dos microrganismos em outros planetas com
condições de temperaturas extremas", explica Pellizari.
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