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USP testa nanopartículas contra doenças
Tática deu bom resultado, em cobaias, ao tratar câncer e problemas cardiovasculares
GIULIANA MIRANDA
ENVIADA A ÁGUAS DE LINDOIA (SP)
Em busca de um tratamento alternativo contra o câncer, um pesquisador da USP
encontrou uma terapia eficaz
para arteriosclerose, a inflamação das artérias.
Outros testes mostraram
que o método também diminui inflamações após transplantes de coração.
A técnica, criada pelo
coordenador do Laboratório
de Metabolismo de Lipídeos
da USP, Raul Maranhão, usa
nanopartículas (com tamanho da ordem de bilionésimos de metro) para transportar os remédios até as lesões.
O pesquisador criou uma
nanopartícula que simula a
molécula que transporta o
colesterol para as células, a
LDL. Então, "recheou" a partícula com remédios já usados em quimioterapia.
As duas moléculas ficaram
muito parecidas, mas com
uma diferença fundamental:
a versão de laboratório, batizada de LDE, não tem a proteína apo B. Isso faz com que,
após ela entrar no organismo, outra proteína -a apo
E- se ligue à molécula sintetizada, aumentando a capacidade de absorção das substâncias pelas células.
MAIS ENTRADAS
Como as células cancerosas têm muito mais receptores, ou "entradas" bioquímicas, para o LDL do que as
saudáveis (usam isso para se
multiplicar rapidamente), as
nanopartículas acabaram
atraídas exatamente para lá.
De acordo com o cientista,
isso garante que o tratamento seja "eficaz e, ao mesmo
tempo, com pouquíssimos
efeitos colaterais".
Em testes com coelhos, ele
percebeu que as nanopartículas também eram atraídas
para as lesões causadas pela
arteriosclerose. Usando a
mesma droga da quimioterapia, que também tem propriedades anti-inflamatórias, ele reduziu em até 60%
o tamanho das lesões.
O resultado levou a uma
parceria com o Incor (Instituto do Coração) na área de
transplantes. Coelhos que receberam novos corações
também tiveram até 50% menos inflamação nas artérias.
Esse tipo de inflamação
pós-transplante é uma das
principais causas de morte
dos pacientes.
Segundo o pesquisador,
essa descoberta pode ser o
"primeiro passo" para transplantes com menos riscos.
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