São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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USP testa nanopartículas contra doenças

Tática deu bom resultado, em cobaias, ao tratar câncer e problemas cardiovasculares

GIULIANA MIRANDA
ENVIADA A ÁGUAS DE LINDOIA (SP)

Em busca de um tratamento alternativo contra o câncer, um pesquisador da USP encontrou uma terapia eficaz para arteriosclerose, a inflamação das artérias.
Outros testes mostraram que o método também diminui inflamações após transplantes de coração.
A técnica, criada pelo coordenador do Laboratório de Metabolismo de Lipídeos da USP, Raul Maranhão, usa nanopartículas (com tamanho da ordem de bilionésimos de metro) para transportar os remédios até as lesões.
O pesquisador criou uma nanopartícula que simula a molécula que transporta o colesterol para as células, a LDL. Então, "recheou" a partícula com remédios já usados em quimioterapia.
As duas moléculas ficaram muito parecidas, mas com uma diferença fundamental: a versão de laboratório, batizada de LDE, não tem a proteína apo B. Isso faz com que, após ela entrar no organismo, outra proteína -a apo E- se ligue à molécula sintetizada, aumentando a capacidade de absorção das substâncias pelas células.

MAIS ENTRADAS
Como as células cancerosas têm muito mais receptores, ou "entradas" bioquímicas, para o LDL do que as saudáveis (usam isso para se multiplicar rapidamente), as nanopartículas acabaram atraídas exatamente para lá.
De acordo com o cientista, isso garante que o tratamento seja "eficaz e, ao mesmo tempo, com pouquíssimos efeitos colaterais".
Em testes com coelhos, ele percebeu que as nanopartículas também eram atraídas para as lesões causadas pela arteriosclerose. Usando a mesma droga da quimioterapia, que também tem propriedades anti-inflamatórias, ele reduziu em até 60% o tamanho das lesões.
O resultado levou a uma parceria com o Incor (Instituto do Coração) na área de transplantes. Coelhos que receberam novos corações também tiveram até 50% menos inflamação nas artérias.
Esse tipo de inflamação pós-transplante é uma das principais causas de morte dos pacientes.
Segundo o pesquisador, essa descoberta pode ser o "primeiro passo" para transplantes com menos riscos.


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