São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008

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Chinês faz primeira caminhada espacial

Em missão inédita para a China, a terceira potência na exploração do espaço, astronauta usa traje para sair de nave

Televisão estatal transmitiu missão ao vivo para todo o país, exibindo líderes do Partido Comunista que assistiam aos trabalhos

CCTV/France Presse
Em imagem de TV, Zhai Zhigang aparece durante a missão segurando a bandeira da China

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O astronauta Zhai Zhigang, 42, tornou-se ontem o primeiro chinês a caminhar no espaço, ao deixar o interior da nave Shenzhou 7 na mais importante missão espacial da China. Ele desfraldou uma bandeira chinesa no espaço, com a ajuda de seu colega Liu Boming, que ficou na aeronave.
O feito foi transmitido ao vivo pela rede estatal chinesa CCTV, às 16h40 de sábado (5h40 em Brasília).
"Eu me sinto bem e saúdo o povo chinês e o povo do mundo", disse Zhai na transmissão.
O presidente chinês, Hu Jintao, e outros líderes do Partido Comunista também apareceram na transmissão, assistindo à "caminhada espacial" a partir do Centro de Controle Aeroespacial de Pequim.
Foram vinte minutos no espaço, usando um uniforme de 120 kg que custou US$ 120 milhões (R$ 222 milhões).
Em 2003, a China se tornou o terceiro país a mandar um homem ao espaço, depois de Estados Unidos e Rússia. Em outubro do ano passado, a China lançou uma sonda lunar -foi o quinto país a fazê-lo.
Segundo a agência estatal de notícias Xinhua, a "manobra de risco" de Zhai é um passo no projeto de longo prazo de instalar um laboratório e uma estação espaciais no futuro.
A nave também vai lançar um satélite de 40 kg que circulará a órbita para mandar imagens ao comando da missão.

Mensagem política
Assim como ontem, o lançamento da missão, na quinta-feira à noite, teve a presença de todos os membros do Politburo (a cúpula executiva) do Partido Comunista da China. O único ausente foi o primeiro-ministro Wen Jiabao, que estava na ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York.
Para não deixar dúvidas sobre a pressão que pairava sobre os taikonautas (astronautas chineses), o diretor do programa espacial, Sun Laiyan, conversou com a equipe espacial por monitores. "1,3 bilhão de chineses têm seus sonhos em vocês", disse. "Não desapontem o presidente Hu Jintao, nem os líderes da China."
Zhai Zhigang, que também foi o chefe da missão, respondeu que eles procurariam fazer o melhor que pudessem.
A nave deve retornar domingo a uma base na Província da Mongólia Interior, depois de passar 68 horas em órbita.
As próximas investidas da China devem incluir uma missão não-tripulada para a Lua em 2012 e uma missão tripulada para o satélite natural da Terra em 2017. Estima-se que o país gaste cerca de US$ 3 bilhões por ano em seu programa espacial a partir de agora.
O governo chinês ainda não divulgou a audiência estimada para transmissão da missão por TV, que também foi exibida em telões públicos. Em Pequim, milhares de motoristas estavam presos em engarrafamentos -sábado é dia útil na China e hoje começa o segundo maior feriado prolongado do ano, que celebra o aniversário da Revolução Comunista.
A data escolhida para o passeio do astronauta pode ter conotações políticas, mas milhares de pessoas tinham pressa para fugir da cidade e aproveitar o feriadão.


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