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Estudo sugere forma de controlar aversão à perda
Tendência de humano a ser mau perdedor é inata, mas pode ser mudada, diz grupo
Experimento conduzido
por grupo da Universidade
de Nova York reproduz
reação de operadores da
Bolsa para mudar percepção
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ser humano é um mau perdedor nato, que tende a dar
mais peso a uma derrota do que
a uma vitória. Mas uma pesquisa combinando psicologia com
economia comportamental
mostrou que é possível regular
essa "aversão à perda". O truque é tentar agir como se você
fosse um operador da Bolsa ou
um jogador profissional.
O conceito de "aversão à perda" foi proposto em 1979 pelos
psicólogos Amos Tversky e Daniel Kahneman. Trata-se da
preferência das pessoas a evitar
perdas do que obter ganhos. O
israelense Kahneman ganhou o
Nobel de Economia de 2002
pelos seus trabalhos na área.
A aversão à perda é uma
questão de percepção. Por
exemplo, uma decisão poderá
levar à perda de R$ 300,00. Há
duas escolhas de investimento
para diminuir o prejuízo. No
primeiro caso, você perde R$
150,00; no segundo, você não
perde nada com 1/3 de probabilidade ou perde tudo com 2/3
de probabilidade. A maioria das
pessoas escolhe a segunda opção, pois a certeza de perder R$
150,00 é considerada pior do
que a chance provável de perder todo o dinheiro.
"Nós podemos mudar a maneira como decidimos, e embora ainda possamos ser sensíveis
a perdas, nós podemos nos tornar menos sensíveis", concluíram os autores do novo estudo,
liderado pela psicóloga Elizabeth A. Phelps, da Universidade de Nova York, e publicado na
revista "PNAS".
Phelps e colegas lembram
que a emoção desempenha um
papel no processo de tomada
de decisões. Por exemplo, um
estudo sobe consumo de bebidas mostrou que a apresentação subliminar de carinhas sorridentes alterou a avaliação das
pessoas sobre as bebidas, mas
também a quantidade que elas
ingeriam e mesmo o total de dinheiro que elas estavam dispostas a pagar pelo drinque.
O grupo de Phelps usou voluntários num experimento no
qual os participantes tinham
que fazer escolhas monetárias
entre uma aposta binária
-com chance de ganho ou perda- e um valor garantido. Eles
recebiam no começo US$
30,00 e tinham que tomar decisões de investimento que poderiam ou fazê-los perder todo o
dinheiro, ou chegar a ganhar
até US$ 572,00. Em parte dos
experimentos eles tiveram a
condutividade elétrica da pele
medida, indicando atividade do
sistema nervoso como prova de
excitação emotiva.
Os voluntários foram instruídos a usar duas estratégias. Eles
deviam enfatizar cada escolha
"como se fosse a única"; e depois foram instruídos a usar
uma estratégia de regulação,
enfatizando as escolhas como
parte de um contexto maior.
No primeiro caso, entre 30
participantes, 14 demonstraram aversão à perda, 9 procuravam ganhos, e 7 tiveram um
comportamento neutro. A condutividade da pele era maior no
caso das perdas.
Mas, ao começarem a agir como investidores reais, colocando as perdas em um contexto
de um portfólio de investimentos, a aversão à perda diminuiu
em 26 dos 30 participantes.
A "aversão a perdas" não seria um mero fenômeno cultural, mas teria uma base neurobiológica. Um estudo em 2005
demonstrou que não só os macacos-prego entendiam o conceito de comércio como demonstravam a aversão.
"Nós demonstramos que a
teoria-padrão dos preços faz
um bom trabalho em descrever
o comportamento de compra
dos macacos-prego", escreveram então os pesquisadores liderados por M. Keith Chen, da
Universidade Yale. Mas os macacos foram ainda mais "humanos" quando tinham de enfrentar uma situação de aposta.
Reagiram demonstrando aversão a perder. "Esses resultados
sugerem que a aversão à perda
se estende além do ser humano
e pode ser inata", dizem eles.
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