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Despenca número de bolsas de
doutorado integral no exterior
Queda de 80% não interessa à ciência brasileira, afirma CNPq
RICARDO MIOTO
ENVIADO A NATAL
Fazer doutorado em uma
grande universidade estrangeira com bolsa de uma instituição brasileira é um sonho
cada vez distante para os estudantes do país.
Segundo dados apresentados na conferência da SBPC
(Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência), em
Natal, entre 1992 e 2007 o número de bolsas do CNPq no
exterior caiu de quase 2.800
para cerca de 500 -um tombo de mais de 80%.
Já o doutorado-sanduíche,
em que o aluno fica parte do
curso fora do Brasil, teve um
ligeiro crescimento no período. Hoje há cerca de 5.000
alunos na modalidade.
Desde 2007, as bolsas integrais recebem menos dinheiro do CNPq do que as chamadas bolsas-sanduíche.
"Foi um decréscimo exagerado. Os programas de bolsas no exterior ficaram suprimidos, é preciso corrigir isso", diz Carlos Aragão, presidente do CNPq.
"Conforme vão aparecendo novos programas de pós-graduação no Brasil, os estudantes que antes sairiam ficam por aqui. Mas o país tornou isso uma regra", afirma.
Ele lembra que é bom ter
brasileiros fora do país para
criar, além da rede de contatos, um fluxo de ideias entre
o Brasil e o exterior.
"É importante ter estudantes que vão para o exterior.
Quando voltam, trazem oxigênio para o sistema."
O próprio Aragão fez doutorado nos Estados Unidos,
no final dos anos 1970. "Criei
uma relação com a Universidade Princeton, onde estudei, que é para sempre. Bolsas no exterior são fundamentais para estabelecer
parcerias duradouras."
A internacionalização da
ciência brasileira foi tema de
debate em Natal e, segundo
Aragão, é prioridade para o
CNPq, que planeja trazer estrangeiros para os comitês
que avaliam os projetos submetidos ao órgão.
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