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AVIAÇÃO
Correntes de ar aumentam o período de espera entre duas aterrissagens
Sistema tira turbulência no pouso
PAUL MARKS
DA "NEW SCIENTIST"
É o pesadelo de todo passageiro
de avião: quando a aeronave está
prestes a aterrissar, uma súbita
turbulência atinge a nave e a joga
contra a pista.
A causa é a presença de rastros
na forma de vórtices: poderosas
correntes giratórias de ar provocadas pelo pouso de um outro
avião naquele local, poucos minutos antes. Agora, dois engenheiros
da Boeing patentearam um meio
de eliminar esses rastros mortais.
Além de tornar o vôo mais seguro, a tecnologia promete reduzir o
congestionamento em aeroportos
agitados, reduzindo o tempo entre pousos consecutivos.
Os vórtices são gerados pela diferença de pressão entre o ar acima e o abaixo das asas e da cauda
de um avião. Os que são formados
nas extremidades das asas são os
mais fortes, seguidos pelos mais
próximos da fuselagem.
A velocidade do vento no centro
dessas correntes pode chegar a
350 km/h. O vórtice pode se estender por vários quilômetros
atrás da aeronave.
O perigo surge quando um outro avião atinge um desses vórtices poderosos e invisíveis.
"Ele pode ser girado para um lado, o que é especialmente perigoso quando se voa perto do solo",
escreveram os engenheiros da
Boeing Jeffrey Crouch e Phillippe
Spalart no texto da patente de seu
sistema, concedida no começo
deste mês. "Vários acidentes foram associados a esse tipo de turbulência", afirmam.
Até hoje, a única maneira de
evitar o problema era manter os
aviões a pelo menos 11 quilômetros de distância um do outro. Isso limita o número de aviões que
pode pousar a cada hora. As companhias aéreas reclamam que isso
provoca atrasos em horários de
maior tráfego.
A Boeing decidiu tentar resolver
o problema destruindo os vórtices na fonte. Em testes anteriores
com túneis de vento, os engenheiros descobriram que, balançando
as superfícies de controle do
avião, poderiam produzir uma
perturbação de onda na corrente
de ar. Essa perturbação desmancha os vórtices.
Durante essas tentativas, os engenheiros balançaram os ailerons
(pás móveis que ficam nas asas),
mas o procedimento causou muito estresse nas asas, não podendo
ser usado rotineiramente.
A inovação surgiu quando
Crouch e Spalart descobriram
que poderiam fazer a idéia funcionar se combinassem pequenas
perturbações feitas pelos ailerons
das pontas das asas e pelos spoilers (mecanismo usado para reduzir o movimento).
Isso faz com que os vórtices superiores e inferiores em cada asa
interfiram uns com os outros,
causando instabilidades que acabam por destruir os dois.
Sensores
Segundo os engenheiros, um
sensor a bordo mediria a força
dos vórtices que o avião está deixando para trás.
Um computador então utilizaria essa informação para calcular
a força e a frequência dos movimentos necessários para os spoilers e ailerons do avião seguinte.
"Vórtices de rastro são um
enorme problema", disse Neil
Halsey, especialista em aviação do
Departamento Meteorológico do
Reino Unido. "Unir dois vórtices
iria desfazê-los mais depressa. É
interessante ver como a Boeing
está fazendo isso."
O método da Boeing não é o
único a tentar eliminar esses vórtices. A Nasa (agência espacial dos
EUA) e a Agência de Pesquisa e
Avaliação de Defesa do Reino
Unido estão desenvolvendo sistemas a laser para prever essas turbulências antes mesmo do pouso
das aeronaves.
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