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ASTRONÁUTICA
SpaceShipOne tem falha em controles, mas consegue atingir 101 km de altitude, na disputa pelo Prêmio X
Após susto, nave privada chega ao espaço
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Muita gente prendeu a respiração ontem, enquanto Mike Melvill pilotava a SpaceShipOne em
sua segunda viagem ao espaço
-no primeiro dos dois vôos exigidos para a conquista do Prêmio
X Ansari. No fim, tudo deu certo.
Mas foi por pouco.
Conforme o previsto, a missão
começou pela manhã (11h11, horário de Brasília), a partir do aeroporto de Mojave, na Califórnia,
EUA. Após cerca de uma hora
preso sob a barriga do avião White Knight, o primeiro veículo espacial privado se desprendeu, a
uma altitude de 15 km.
A subida rumo ao espaço começou tranqüila. Mas, num lance
inesperado, a SpaceShipOne começou a fazer várias rotações por
minuto em torno de seu eixo.
Ninguém sabia se Melvill conseguiria retomar o controle do veículo. A nave quase não conseguiu
roçar a borda do espaço, atingindo a altitude de 100 km exigida
para a conquista do Prêmio X.
Na reentrada, a nave respondeu
bem e Melvill conseguiu reduzir a
velocidade, até realizar o pouso
em Mojave, às 8h34, aplaudido
por entusiastas no aeroporto. "Isso é que é diversão", disse.
O piloto de 62 anos, nascido na
África do Sul e radicado nos EUA,
foi o primeiro a receber "asas de
astronauta" com um veículo privado, usando a mesma Space-
ShipOne, em junho. Ele também
teve problemas com os controles
naquela ocasião, mas nada como
o que ocorreu agora. A audácia do
piloto salvou o dia para a equipe
responsável pela nave, liderada
pelo engenheiro aeroespacial
americano Burt Rutan.
"Estávamos pedindo a ele que
fosse em frente e abortasse", disse
Rutan, após o vôo. Segundo leituras de radar, Melvill conseguiu
carregar a SpaceShipOne a uma
altitude máxima de 101 km.
"Um se foi, e um está por vir",
disse Peter Diamandis, referindo-se à necessidade de dois vôos para
a conquista do Prêmio X Ansari,
que dará US$ 10 milhões ao primeiro grupo privado que conseguir construir uma nave espacial
para três pessoas que voe duas vezes em duas semanas a uma altitude mínima de 100 km.
Burt Rutan, com sua empresa
Scaled Composites, recebeu um
financiamento de Paul Allen, co-fundador da Microsoft, para desenvolver a SpaceShipOne.
Antes mesmo de conquistar o
Prêmio X, o grupo americano já
fechou um contrato de US$ 20
milhões para o desenvolvimento
da primeira linha espacial privada
para turistas, a ser administrada
pela empresa britânica Virgin.
Mas a segurança da nave para
vôos turísticos ainda está por ser
totalmente provada. "Mesmo assim, eles mostraram que a tecnologia funciona", disse à Folha
Marcos Cesar Pontes, astronauta
brasileiro em treinamento na Nasa, a agência espacial americana.
A equipe de Rutan ainda está
analisando os dados para descobrir o que houve de errado com a
nave, mas provavelmente manterá o plano de realizar o segundo
vôo em 4 de outubro. Caso ele seja
bem-sucedido, a Scaled conquistará o Prêmio X, vencendo outras
26 equipes de sete países.
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