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Avião de Santos-Dumont voa nos EUA
Ty Greenlees/Dayton Daily News/Associated Press
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Réplica do Demoiselle de Santos-Dumont (à esquerda) ensaia vôo ao lado do Flyer "B" dos irmãos Wright em Dayton, Ohio
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Evento promove vôo de réplica do Demoiselle, o segundo projeto do brasileiro, ao lado de aeroplano dos irmãos Wright
Empresário paulista pilotou
aeronave em Ohio, estado
onde viveram os inventores
americanos; convite partiu
da própria família Wright
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma réplica do Demoiselle, o
segundo avião de Alberto Santos-Dumont, voou ontem pela
primeira vez em Dayton, nos
Estados Unidos. A cidade fica
no estado de Ohio, terra natal
dos irmãos Wilbur e Orville
Wright -os inventores do
avião segundo os historiadores
norte-americanos.
O Demoiselle foi concebido
cerca de um ano depois do vôo
inaugural do 14-Bis, de 1906,
primeiro e mais famoso avião
de Santos-Dumont -o verdadeiro criador da máquina voadora, na visão dos brasileiros. O
Flyer, primeiro avião dos
Wright, é de 1903, mas alguns
historiadores alegam que não
se pode dizer que ele fez o vôo
pioneiro, por ter decolado
usando uma catapulta.
Hoje, a nova réplica do Demoiselle voa ao lado do Flyer
em um evento que reunirá pilotos brasileiros e americanos veteranos de guerra (o vôo de ontem foi um ensaio da apresentação). Como o Demoiselle é
um modelo mais moderno que
o 14-Bis, porém, a reunião de
hoje não pode ser considerada
um "tira-teima" da polêmica.
"O importante é que estamos
tendo a oportunidade de divulgar o trabalho do Santos-Dumont aqui, onde as pessoas ainda conhecem pouco ele", diz o
empresário Fernando de Arruda Botelho, da construtora Camargo Correa. Ele capitaneou o
projeto de reconstrução do Demoiselle e vai pilotá-lo no evento. "Viemos para cá a convite da
Amanda Wright, sobrinha-bisneta do Orville e do Wilbur."
A réplica do Instituto Arruda
Botelho, fundado pelo empresário, é uma das duas montadas
pelo construtor Alvarino Paulo.
Ela tem algumas diferenças em
relação ao original de Santos-Dumont, como vigas de alumínio em vez de bambu e um motor um pouco mais potente.
Algumas das mudanças foram adequações ao piloto. "O
Santos-Dumont pesava 50 kg, e
eu peso 90 kg", diz Botelho.
"Queremos criar uma réplica
mais fiel, com bambu, só que
nós não vamos poder fazê-la
voar com muita freqüência."
Botelho já experimentou
pessoalmente réplicas dos outros dois modelos seminais da
história da aviação, além do Demoiselle. "Já pilotei um modelo
do 14-Bis no Brasil, e hoje também pilotei um Flyer aqui em
Dayton, no treinamento", diz.
Em razão da natureza do
evento, o empresário quer evitar transformá-lo numa bravata para questionar publicamente a primazia dos americanos,
até porque o registro histórico
não permite resolver a questão
de maneira tão fácil, diz. "Ontem, nos apresentaram aqui
um filme de 1905, onde o Flyer
já aparece decolando com rodas", conta Botelho. "O pessoal
que está comigo perguntou: o
que a gente vai dizer agora?"
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