São Paulo, sábado, 30 de setembro de 2006

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Universidade Harvard abre curso de biomedicina em Buenos Aires

Programa de aperfeiçoamento pode ser expandido para São Paulo em 2008

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

Pela primeira vez a Universidade Harvard, dos Estados Unidos, oferecerá cursos na América Latina em áreas de ponta da pesquisa biomédica. O primeiro curso será sobre células-tronco -campo que, além de sua importância estratégica, é um daqueles em que Harvard mais se destaca na produção de conhecimento científico. As aulas serão em Buenos Aires, a partir de junho do ano que vem.
Para 2008, se tudo correr como planejado, a universidade deve estender sua proposta inicial, levando cursos eventuais a São Paulo e Santiago.
Entre 20 e 30 cientistas de países da América Latina que atuem nessa área serão selecionados para participar do primeiro curso na Argentina, com bolsas de estudo financiadas pela iniciativa privada. O investimento inicial previsto é de US$ 500 mil ao ano.
Batizada de Pabsela (Programa para o Avanço da Educação em Ciências Biomédicas na América Latina, na tradução da sigla em inglês), a iniciativa será um treinamento intensivo de um mês, oferecido durante três anos, em princípio. Os trabalhos serão realizados em prédios da Fundação Instituto Leloir (o nome é referência a Luis Federico Leloir, prêmio Nobel de Química em 1970).
O convênio foi firmado na semana passada pelo governo argentino. Para isso, foi criada a Fundação Crimson para o Avanço do Conhecimento, que administrará a "escola".
A fundação nasceu porque nem Harvard queria tratar diretamente com o governo argentino -por um receio de que houvesse corrupção e os fundos do projeto tivessem outro destino- nem o governo do presidente Néstor Kirchner gostava da idéia de remunerar diretamente os professores norte-americanos.
O co-diretor do projeto, o biólogo de Harvard Estanilao Bachrach, que é argentino, diz que a idéia sofreu preconceito. "Não é uma estratégia dos EUA para ensinar os "índios" a fazer ciência", afirma. A idéia, de acordo com ele, é deixar uma semente de conhecimento de ponta e realmente implementar uma cooperação científica.
Entre os professores de Harvard convidados para lecionar em Buenos Aires está Douglas Melton, que, segundo Bachrach, "pode vir", apesar de sua disponibilidade para viajar ser pequena. Melton trabalha na produção de células-tronco embrionárias humanas e em clonagem terapêutica.
O programa internacional da escola de medicina da universidade já firmou parcerias em mais de 30 países, incluindo China, Arábia Saudita, Zimbábue, França, Japão e Itália.


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