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EUA perdem primazia em satélites, afirma revista
País pode ter de usar imagens de sistemas estrangeiros para observar a Terra
"Science" culpa obsessão da administração Bush com uma missão tripulada para
Marte pelo descaso com os satélites da série Landsat
Antônio Gaudério/Folha Imagem
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Imagem do satélite Landsat mostra a rodovia Transamazônica |
DA REDAÇÃO
O programa americano de satélites de observação da Terra
está "aleijado", e a Nasa em breve poderá precisar comprar dados de satélites de países como
Índia, China e Brasil. O alerta é
da revista científica "Science",
que dedicou ontem um editorial ao assunto.
No texto, o pesquisador Scott
Goetz, do Centro de Pesquisa
de Woods Hole, diz que os satélites da série Landsat, burros-de-carga da observação das
mudanças ambientais no globo,
estão envelhecendo e já têm
problemas sérios de dados.
O satélite mais recente da série, o Landsat-7, foi lançado em
1999 e ficou parcialmente "cego" devido a uma pane em
2003. Seu antecessor, o Landsat-6, caiu sobre o oceano Pacífico em 1993. E não há previsão
de lançamento de uma nova
unidade da série antes de 2011
-quando o Landsat-5, que decolou na década de 1980, deve
ficar sem combustível.
Os problemas no Landsat
afetam diretamente o Brasil.
Afinal, esse satélite é uma das
principais ferramentas usadas
hoje pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)
para monitorar o desmatamento da Amazônia. Imagens desse
satélite são usadas no sistema
Prodes, que faz o cálculo anual
da área desmatada.
Segundo a "Science", outros
sistemas de observação desenvolvidos pelos EUA também
têm problemas. "Enquanto isso, Índia, China e Brasil estão
lançando satélites da categoria
do Landsat", afirma o editorial.
Um exemplo é a série
CBERS, lançada em parceria
entre o Brasil e a China e atual
carro-chefe do programa espacial brasileiro. Esses satélites
(dois já lançados e um terceiro
previsto para setembro) já vêm
sendo usados tanto no Prodes
quanto no Deter, o sistema de
detecção do desmate em tempo
real. "Se o Brasil não tivesse entrado no programa CBERS, hoje não teríamos de onde tirar
imagens para o Prodes e o Deter", disse à Folha o diretor do
Inpe, Gilberto Câmara.
Segundo a "Science", um
programa de US$ 500 milhões
por ano seria necessário para
restaurar o programa de observação da Terra do país. "Infelizmente, o foco atual da Nasa
-a "nova visão" para uma missão tripulada a Marte- está
com prioridade sobre a observação da Terra."
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