Crítica Restaurante

La Cocotte faz os clássicos de bistrô

Antes de falar do novo e bom La Cocotte, não resisto a comentar que naquele mesmo espaço funcionou antes o bar e restaurante Ministro 1153. Servia comida trivial brasileira, barata, num espaço informal. E fracassou.

Agora em seu lugar surge um restaurante francês chique e bem mais caro. E que já está bombando: nem sempre o público ajuda a afirmar aquilo de que diz sentir falta.

Nada disso tira o valor do La Cocotte. A realmente boa cozinha francesa tem poucos representantes em São Paulo, e a chegada de mais uma casa com qualidades só pode ser festejada.

É a primeira incursão de Juscelino Pereira, 42 (que também era sócio do Ministro 1153), na seara francesa, ao lado das casas italianas de que participa (Piselli, Zena Caffè, Tre Bicchieri, Maremonti Jardins).

Formado em 11 anos de trabalho em salões do grupo Fasano (até abrir o Piselli, em 2004), no La Cocotte ele se associou ao chef Fred Frank e a Pedro Sant'Anna, que vem do ramo de hotelaria, além de investidores.

Frank, 38, tem larga experiência com a cozinha francesa. Nos anos 1990 trabalhou no restaurante de Claude Troisgros em Nova York, e depois, por três anos, como subchef do Roanne, de Emmanuel Bassoleil.

Foi chef em outros restaurantes (como o Canvas) até montar o bufê que leva seu nome (onde, no almoço, funciona o restaurante Vitrô).

No La Cocotte, sua cozinha é a de clássicos de bistrô com algum toque pessoal. Faltam pratos mais vigorosos de miúdos, por exemplo, mas estão lá os incontornáveis steak au poivre (com gratin de mandioquinha); entrecôte béarnaise (com batatas rústicas); boeuf bourguignon (com risoto de alecrim); e blanquette de veau (guisado de vitela, com minilegumes glaceados e brotos).

EM PANELINHAS

Vários pratos são servidos em panelinhas (cocotte); como a suculenta galinha caipira com cogumelos morilles e polenta, um dos destaques da casa; e da cocotte do mar, com lula, polvo, camarão (e um salmão meio desgarrado) ao molho de açafrão.

Também valem o pedido as rãs com cerefólio e batata-bolinha dourada no forno; e um prato que homenageia Bassoleil, que o consagrou no Roanne: escalope de foie gras com molho de uva.

As vieiras grelhadas com creme de ervilhas e azeite defumado são um pouco ofuscadas pelo creme; e no duo de cordeiro com gostosos legumes a costeleta é impecável, mas a paleta merece mais tempo no forno.

Entre as sobremesas, é muito bom o baba, com sua textura delicada embebida por um xarope de rum.

E não falta uma famosa especialidade do chef: seu brownie com sorvete de leite de amêndoa que é servido com calda de chocolate.