São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011

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MAIS CHAMPANHE EM CHAMPANHE

Região francesa quer expandir os limites em 20% para incluir mais vinhedos e aumentar a produção

19.ago.11 - Alain Julien/France Presse
Lavradora corta cachos da pinot meunier no 1º dia da colheita em Champanhe, em agosto

LUÍSA BELCHIOR
ENVIADA ESPECIAL A REIMS (FRANÇA)

A quantidade de champanhe que você bebe hoje foi estrategicamente determinada em 1927. Naquele ano, os produtores de Champanhe, região francesa do badalado vinho efervescente, delimitaram a área dos vinhedos, preocupados em preservar a bebida da banalização.
O que não previram foi que, 84 anos depois, a concorrência com outros espumantes tornasse os 34 mil hectares demarcados pequenos para a sede de champanhe.
Por isso, a região, a 150 km de Paris, agora estuda expandir em quase 20% seus limites geográficos e abraçar outros 45 vinhedos em povoados nos arredores -além dos 319 já existentes. Tudo para dar conta da demanda por champanhe no mundo, que, puxada por emergentes como o Brasil, beirou o recorde histórico de vendas em 2010.
A contragosto de quem já está lá dentro, mas por desejo de vizinhos que anseiam em ganhar o valioso rótulo de champanhe, a proposta foi aprovada em primeira avaliação por uma comissão independente formada por agrônomos, enólogos, cientistas e historiadores. E gera polêmica dentro da região.
"Tem muita briga entre os grandes e pequenos. Entendemos que as grandes marcas querem vender mais, mas temos que proteger nossa área", diz Raphaël Bereche, pequeno produtor da região.
"Não podemos ficar presos a uma lei de mais de 80 anos", afirma o produtor Jean Ribraut, de Saint-Eugène, um dos vilarejos candidatos a entrar em Champanhe.
As grandes, encabeçadas por Moët & Chandon e Veuve Clicquot, advogam pela expansão da região, com prudência. "Temos que crescer, embora de maneira suave, mas a demanda aumentou muito", diz Cyril Brun, gerente de desenvolvimento de vinho da Veuve Clicquot, marca que tem o Brasil entre os dez principais consumidores.
A decisão, no entanto, não deve sair antes de 2018 ou até que os membros da comissão visitem e analisem uma série de determinantes como clima, solo, subsolo e relevo da terra que, juntos, determinam uma boa uva.

RISCO
Para não esperar até lá, os produtores decidiram aumentar, já na próxima temporada, a quantidade das uvas chardonnay, pinot noir e pinot meunier, usadas para fazer champanhe, que podem ser plantadas na região. "É um risco que estamos dispostos a correr", diz Philippe Wibrotte, relações-públicas do Comitê Interprofissional do Vinho de Champanhe.
Depois de muita briga, pequenos produtores -que detêm 90% de todos os vinhedos de Champanhe e defendem uma delimitação menor- e as 220 grandes marcas estabeleceram em 10,5 toneladas de uva por hectare o limite das plantações, 1,5 tonelada a mais que na última safra. Traduzindo em garrafas, 40 mil delas extras.
"Temos que ter muito cuidado para não produzir uma uva de pior qualidade. Hoje em dia há muitos bons espumantes pelo mundo", afirma Alexandre Penet, da Penet-Chardonnet, produtora de 400 anos com seis hectares de vinhedos Grand Cru, o mais nobre deles.
Em 2008, os produtotes venderam 322 mil garrafas de champanhe, o maior número na história da região. Em 2009, as vendas caíram para 293 mil, e, ano passado, voltaram a subir para 319 mil.


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