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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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CONSUMO

Canais oferecem comodidade, mas é preciso cuidado com a qualidade do produto e o cumprimento de promessas

Comprar pela TV é programa de risco

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Controle remoto numa mão, telefone na outra, cartão de crédito sobre a mesa de centro e um apresentador realçando as virtudes de algum produto. Muitos não resistem à tentação e acabam levando para casa uma peça de decoração ou um eletrodoméstico sem deixar o conforto da poltrona.
Isso é bom ou ruim? Há consumidores que se dizem satisfeitos com os serviços oferecidos por programas e canais de vendas. Outros juram de pés juntos que jamais se deixarão seduzir pelos argumentos dos apresentadores.
Para os primeiros, o conforto e a praticidade escamoteiam a impossibilidade de manusear o que se está comprando. Os demais procuram seguir o conselho de são Tomé: só acreditam vendo.
Quem não resiste ao comichão consumista deve estar atento a detalhes e responder a perguntas básicas antes de dizer "sim" à operadora de telemarketing. O que o vendedor eletrônico promete é verdade? O tom do tecido do sofá é o mesmo ou um pouco mais forte? O móvel cabe na sala?
Muita gente aprende a lição do pior jeito possível. O projetista Fernando Victorino, 29, resolveu comprar um aparelho de som. Pagou, mas não recebeu. "Depois de muita canseira, devolveram meu dinheiro", afirma ele.
A vendedora Débora Novais, 42, é uma telespectadora assídua do canal de compras Shop Time, em especial dos programas "TV UD" e "Casa e Conforto", destinados a artigos para a cozinha e de cama, mesa e banho.
"Compro tudo o que está dentro do meu orçamento mensal. Para balancear as dívidas, parcelo as compras", esclarece.
Mesmo com o risco de problemas, a vendedora não se aflige. "Compro de olhos fechados, pois acredito na idoneidade da empresa [Shop Time]. A praticidade e o conforto são o que me atraem. Não sei o que é ir ao shopping. É cansativo, é burocrático. Prefiro fazer tudo sentada no sofá."
É importante lembrar que, ao adquirir uma peça pela televisão, o telespectador pode ter problemas de proporção e de coloração.
Resultado: confundir gato com lebre e comprar um móvel desproporcional à sala de estar ou, então, optar por um tapete vermelho que na verdade é laranja.
A decoradora Brunete Fraccaroli, 40, concorda. "O ser humano é mais sensorial do que visual. Para gostar de uma peça, seja ela qual for, é necessário sentir na pele o seu toque. Os móveis devem ser elaborados sob medida, o que dificulta a compra pela TV." (ÉRIKA MASCKIEWIC)


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