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GRIFE TABELADA
Preço sugerido é mais alto que o praticado
Asbea cria software para incentivar arquitetos a cobrarem valores maiores em projetos de menor porte
DA REPORTAGEM LOCAL
O tabelamento de preços de
algumas das estrelas da arquitetura e da decoração, benéfico
para o bolso por estabelecer um
teto para os que temem um orçamento estratosférico, alivia
pouco o problema mais comum
na hora de pagar por esse tipo
de serviço no mercado brasileiro -a falta de critério para definir o valor de um projeto.
ABD (Associação Brasileira
de Designers de Interiores), Asbea (Associação Brasileira dos
Escritórios de Arquitetura) e
IAB (Instituto de Arquitetos do
Brasil) criaram tabelas e fórmulas para balizar a cobrança
(veja quadro), mas não há lei ou
determinação que obrigue os
profissionais a segui-las.
"Nossa tabela é uma referência, mas não é obrigatória", afirma o presidente do IAB, Arnaldo Martino, 66. "Vemos de tudo no mercado, mas a maioria
cobra muito menos do que deveria devido à competição pelos clientes."
A arquiteta e decoradora Lilian Fraga, assídua freqüentadora de catálogos de mostras,
diz que é difícil o profissional
conseguir cobrar o preço de tabela, pois "o cliente tende a
achar que não é certo pagar pela propriedade intelectual".
"Há quem cobre muito abaixo da tabela e tire mercado de
quem adota o parâmetro da associação", compara. Fraga conta que, para projetos de decoração, costuma pedir os valores
mais altos sugeridos pela ABD.
Luciano Imperatori, 36,
sócio da Hochheimer Imperatori Arquitetura, concorda
que "muitos profissionais
sacrificam o preço para não
perder o trabalho".
Parcelado
A arquiteta e decoradora Bya
Barros, 45, divulga sua tabela
-valores por metro quadrado
de área decorada que decrescem à medida que aumenta a
metragem- até em seus cartões de visita. "E ainda divido o
pagamento em seis vezes",
complementa.
Ela diz que o preço inclui
a mão-de-obra de profissionais
de sua equipe especializados
em cada etapa do trabalho
-plantas baixas, estudos de
iluminação e de instalações de
som e TV, especificação de materiais, texturas e cores.
Barros admite que complementa o orçamento com outro
procedimento costumeiro no
mercado brasileiro. "Recebo
das lojas e fábricas de 5% a 10%
do valor gasto pelo cliente", calcula. "Mas ele pode indicar seus
fornecedores de preferência."
O leque de trabalhos realizados é ampliado com os preços
tabelados, comenta Barros.
"Com o valor justo, faço desde
pequenos flats até mansões
com mais de 700 m2."
Software
A Asbea criou, há três meses,
uma nova proposta para padronizar o sistema de cobrança dos
arquitetos -um software que
calcula o preço de acordo com
os custos do profissional.
"Em dez ou 15 dias, vamos
disponibilizá-lo em nosso site
para os associados [320 empresas no país]", prevê o presidente, Ronaldo Rezende, 53.
"Futuramente, deveremos
comercializá-lo. Ele calcula todos os custos de um determinado escritório de arquitetura, da
depreciação dos equipamentos
à compra de softwares, e, com
base neles, sugere um preço por
hora trabalhada", descreve.
Preços maiores
Rezende admite que quem
adotar o software tenderá a puxar seus preços para cima, em
relação aos atuais, especialmente para projetos menores.
"Hoje, a maioria dos arquitetos cobra um percentual do
custo da obra e muitas vezes
tem prejuízo", relata.
"Apenas os mais "estrelados"
têm maior poder de barganha e
podem cobrar um percentual
maior. O preço calculado pelo
software é mais próximo da
realidade de cada escritório,
pois considera 80 itens de custo. O cliente pode até "dar um
pulo", mas o valor é mais justo."
Antes de pensar no critério
de cobrança, quem vai contratar um arquiteto ou decorador
precisa se preocupar com a
qualidade do trabalho.
Martino, do IAB, recomenda
que se busquem profissionais
que tenham sido indicados por
alguém conhecido. Imperatori
aconselha "ligar para os clientes do escritório e observar sua
fidelização -quantas vezes
uma mesma pessoa contratou o
serviço, por exemplo".
(EV)
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