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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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GUIA DA REFORMA - PAREDES

Exceto pelo aspecto estético, as ocorrências mais comuns podem esperar por uma solução, pois não ameaçam a estrutura da casa

Problemas não exigem pronto-socorro

Fernando Moraes/Folha Imagem - Divulgação
Na reforma feita pelas arquitetas Daniela Ripper Naigeborin e Iara Feijó Brovini, o tijolinho pintado e o revestimento de pedras que estavam na fachada (à dir.) deram lugar à textura (à esq.); foram gastos cerca de R$ 25 por m2 para remover o revestimento anterior e preparar a parede; a textura custou cerca de R$ 16 por m2

ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Na maior parte dos casos, as deformidades nas paredes não põem a estrutura da casa em risco. Por outro lado, elas demolem a coragem de chamar os vizinhos para um café e transformam em ruínas a estética da residência.
"A patologia mais grave é a trinca. Toda vez que a parede está com alguma rachadura, é sinal de que houve um esforço maior do que ela poderia suportar. Se a casa é feita de alvenaria estrutural e a abertura aparece dos dois lados, o risco se agrava", alerta Vanderley John, 42, professor da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).
A diferença entre trinca e fissura está na gravidade. "A fissura pode representar uma retração na argamassa, já uma trinca -abertura maior- é resultado de movimentação na estrutura", define Edílson Duarte Lima, 33, assistente técnico da Suvinil.
Seja qual for o material de composição, nenhuma parede está livre dos problemas. Entre as paredes mais comuns estão a de alvenaria (com blocos cerâmicos ou de concreto), o "dry wall" (gesso acartonado) e a de madeira.

Causas
"Uma trinca na alvenaria com blocos cerâmicos pode resultar de vitrificação [material queimado em excesso]. Blocos com esse defeito não são vendidos por empresas idôneas", diz a engenheira Rosa Maria Crescêncio, 35, professora do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e mestranda pela Poli-USP.
Nos blocos de concreto, a trinca pode ser causada por peças mal curadas, que também não passaram por um controle de qualidade. "O bloco "verde" retrai depois de assentado, e o movimento pode gerar o dano", explica Marcio Santos Faria, 47, especialista em blocos da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
Para o engenheiro especialista em paredes Marco Addor, 37, o avanço tecnológico não isenta o "dry wall" de deformidades, caso não haja boa mão-de-obra envolvida. "As fissuras podem surgir devido a falhas na instalação."

Água escondida
Uma das patologias que mais atacam as paredes e enlouquecem os moradores é a infiltração. Ela pode vir do solo, de vazamentos hidráulicos e de rejuntes antigos ou malfeitos no piso.
Ainda sem diagnóstico, o engenheiro eletrônico Edson de Oliveira, 46, já se cansou de tentar consertar uma de suas paredes. "Ela descasca, eu pinto; descasca e dou outra demão". Além da pintura, ele já impermeabilizou, tentou textura e pedra, sem sucesso.
"Provavelmente houve falha na impermeabilização ou dano posterior. É comum o pedreiro furar a viga baldrame para passar a tubulação, ponto que fica vulnerável", diz Jéfferson Gabriolli, 39, consultor do site Tudoimper.


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