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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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GUIA DA REFORMA

Elétrica e hidráulica

Especialistas ensinam a diagnosticar os principais problemas nas redes que abastecem a casa com luz e água e apontam possíveis causas e soluções

ELÉTRICA E HIDRÁULICA

Entre outros perigos, demora na resolução de panes nas redes de água e luz pode comprometer a estrutura e propiciar incêndios

Quem espera corre o risco de perder a casa

ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A pressa é amiga da perfeição quando o assunto é o conserto das redes elétrica e hidráulica. Diferentemente de outros departamentos da casa, esses exigem ação imediata para evitar que a estrutura corra riscos.
Quanto mais velho o imóvel, mais perigo existe, e o de incêndio é um deles. Pode ser causado, por exemplo, devido a instalações elétricas insuficientes, com fios cuja seção - espessura- fica aquém do necessário.
"Há 20 anos, não havia tantos equipamentos elétricos, e a rede era adequada para aquela realidade. Hoje, instalações antigas têm de ser adaptadas", comenta Edson Martinho, 38, coordenador de projetos do Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre).
Isso pode significar uma reforma geral na rede, segundo o eletricista e encanador industrial Roberto Fractucello, 45. "Casas antigas têm conduítes de diâmetros pequenos, nos quais cabem, no máximo, três fios. Eles precisam ser trocados, e para isso a reforma é grande", alerta.
Martinho calcula que o custo da reforma da rede elétrica de uma casa de 100 m2 varie de R$ 800 a R$ 1.200, embora possa ser maior, de acordo com o projeto.

Abrir, consertar e fechar
Já a hidráulica residencial antiga apresenta menos riscos de morte ao morador, mas os estragos na casa e na conta bancária podem ser igualmente grandes.
"É mais fácil visualizar o problema com hidráulica, pois geralmente ele estraga outras partes, destaca azulejos, afeta revestimentos do piso. Nesse caso, a solução é uma só: tem de abrir, consertar e repor o acabamento", diz a arquiteta Flávia Ralston.
Em imóveis antigos, os problemas podem se dar por corrosão e entupimento de tubos de ferro galvanizado, que, na maioria das vezes, estão enferrujados.
Para Orestes Marraccini Gonçalves, 51, professor da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), é preciso trocar tudo. "A corrosão diminui o diâmetro do tubo, afeta a pressão e gera vazamentos."
Mas nem sempre é preciso ser tão radical. Há empresas especializadas em auscultar a tubulação e encontrar o local exato do problema, sem precisar quebrar toda a parede. "A visita à residência e o serviço custam cerca de R$ 250 em São Paulo", diz Victor Bombana, 39, representante da American Leak no Brasil.

Trocando tudo
Como os sistemas hidráulico e elétrico geralmente correm dentro das paredes, é difícil checar as condições de fios e tubos. "Há casos em que o cliente chama para uma reforma superficial, mas, quando vejo os sistemas, tudo tem de ser trocado", conta a arquiteta Márcia Kalil, 40.
Foi o que aconteceu com a técnica em documentação imobiliária Lucimar Pellim, 53. "Comprei um apartamento para a minha filha. Queríamos apenas mudar detalhes, como pintura e acabamentos. Mas a arquiteta mostrou que toda a rede hidráulica e elétrica estava comprometida e antiga."
O resultado é que Pellim acabou gastando muito mais do que o previsto. "Queria investir no máximo R$ 5.000, mas desembolsei R$ 20 mil." Ela aprendeu que, antes de adquirir um imóvel antigo, há alguns pontos a checar.
"Na rede elétrica, verifique se no quadro de distribuição há gambiarras, como remendos e fios que não correm dentro dos conduítes", alerta Alberto Luiz Duplessir Filho, 43 , vice-presidente de tecnologia do Secovi (sindicato de imobiliárias e construtoras).

Caixa-d'água
Outra dica de Duplessir é olhar a tubulação próxima à caixa-d'água, para ter uma idéia de como está o sistema interno.
Ainda faz parte da precaução checar a existência de vazamentos dentro dos gabinetes das pias, além do funcionamento das válvulas de descarga.
Para manter as redes em ordem, há também alguns cuidados a serem tomados. "O sistema elétrico deve ser revisto a cada dez anos", avisa Martinho, do Procobre.
Na rede hidráulica o jeito de colaborar com o bom funcionamento é evitar sujeira nos tubos. Especialistas afirmam que a limpeza da caixa-d'água, por exemplo, deve ser feita a cada seis meses.
"Isso evita que a sujeira fique acumulada no sistema", ensina o engenheiro Hesley Tomazetti, 43, dono da Hidráulica Tomazetti.


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