|
Próximo Texto | Índice
Bambu para toda obra
MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em tempo de sustentabilidade, o bambu pode ser o curinga
na composição da casa. E não
só na confecção de itens de decoração ou revestimento. Agora ele passa a ocupar o lugar da
madeira ou do aço na estrutura.
"A planta tem a mesma resistência à tração [quando é "esticada" pelas extremidades] que o
aço, que é poluente", aponta
Khosrow Ghavami, professor
de engenharia estrutural da
PUC-Rio e pesquisador do
bambu há 30 anos.
"Comecei a pesquisar porque
no campus havia muito bambu,
uma alternativa natural", diz o
professor.
O que pede cálculos mais cuidadosos na substituição é a capacidade de compressão do
bambu -como ao suportar o
peso de uma laje-, cerca de
30% menor que a do aço.
Marco Antônio Pereira, professor do departamento de engenharia mecânica da Unesp
(Universidade Estadual Paulista), chama a atenção para a durabilidade do material.
Ele mora em uma casa feita
sem tijolos, só de bambu. "A
construção já tem 11 anos e está
em ótimas condições", afirma.
Na comparação com a madeira, o tempo de maturação
também pende como vantagem
para o lado do bambu: essa gramínea demora três anos para
ser útil na construção, contra
até 15 anos do eucalipto.
História
Mesmo com os benefícios, as
espécies de bambu que podem
ser empregadas na construção
civil não existem em larga escala simplesmente porque não
existe tanta demanda pela matéria-prima.
"Não viam aplicação prática
do bambu na construção civil",
pondera Ghavami.
"Desde a colonização, a alvenaria é mais valorizada no Brasil. Materiais naturais ficaram
no pau-a-pique", ressalta Raphael Vasconcellos, desenhista
industrial que trabalha com a
matéria-prima há dez anos.
"Isso não aconteceu em outros países latinos, como a Costa Rica ou a Colômbia, que têm
grandes escolas de construção
civil com bambu", compara.
Adeptos do material também
podem adotá-lo no mobiliário e
na decoração -confira alguns
itens abaixo.
Com um fornecedor próprio,
o artesão Anastácio Campos
Herrera consegue matéria-prima para suas peças. O bambu é
proveniente de florestas da
própria capital paulista.
Herrera cuida de todo o processo de tratamento do bambu.
Para fazer uma cama, que custa
até R$ 2.000, o artesão precisa
de pelo menos dez dias.
Próximo Texto: Taquara afinada Índice
|