São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

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Bambu para toda obra

MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em tempo de sustentabilidade, o bambu pode ser o curinga na composição da casa. E não só na confecção de itens de decoração ou revestimento. Agora ele passa a ocupar o lugar da madeira ou do aço na estrutura.
"A planta tem a mesma resistência à tração [quando é "esticada" pelas extremidades] que o aço, que é poluente", aponta Khosrow Ghavami, professor de engenharia estrutural da PUC-Rio e pesquisador do bambu há 30 anos.
"Comecei a pesquisar porque no campus havia muito bambu, uma alternativa natural", diz o professor.
O que pede cálculos mais cuidadosos na substituição é a capacidade de compressão do bambu -como ao suportar o peso de uma laje-, cerca de 30% menor que a do aço.
Marco Antônio Pereira, professor do departamento de engenharia mecânica da Unesp (Universidade Estadual Paulista), chama a atenção para a durabilidade do material.
Ele mora em uma casa feita sem tijolos, só de bambu. "A construção já tem 11 anos e está em ótimas condições", afirma.
Na comparação com a madeira, o tempo de maturação também pende como vantagem para o lado do bambu: essa gramínea demora três anos para ser útil na construção, contra até 15 anos do eucalipto.

História
Mesmo com os benefícios, as espécies de bambu que podem ser empregadas na construção civil não existem em larga escala simplesmente porque não existe tanta demanda pela matéria-prima.
"Não viam aplicação prática do bambu na construção civil", pondera Ghavami.
"Desde a colonização, a alvenaria é mais valorizada no Brasil. Materiais naturais ficaram no pau-a-pique", ressalta Raphael Vasconcellos, desenhista industrial que trabalha com a matéria-prima há dez anos.
"Isso não aconteceu em outros países latinos, como a Costa Rica ou a Colômbia, que têm grandes escolas de construção civil com bambu", compara.
Adeptos do material também podem adotá-lo no mobiliário e na decoração -confira alguns itens abaixo.
Com um fornecedor próprio, o artesão Anastácio Campos Herrera consegue matéria-prima para suas peças. O bambu é proveniente de florestas da própria capital paulista.
Herrera cuida de todo o processo de tratamento do bambu. Para fazer uma cama, que custa até R$ 2.000, o artesão precisa de pelo menos dez dias.


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