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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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PRIMAVERA

Verde pode ser usado em locais com pouco espaço e beneficia não só o dono da casa, mas também os vizinhos

Projeto deve aliar beleza e funcionalidade

Divulgação
O som de água batendo na pedra ameniza os ruídos externos nesse projeto de Gilberto Elkis


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As plantas dentro de casa não precisam ser só belas, mas também podem servir para outros objetivos. "Das dez razões que reúno para plantar uma árvore, a estética é a 11ª", brinca o paisagista Raul Cânovas, 58.
Mesmo em pequenos espaços, as plantas podem amenizar os efeitos do sol. "Um conjunto de plantas dá a sensação de um local mais fresco, porque diminui a incidência solar e aumenta a umidade", explica Luciane Watanabe, 26, engenheira agrônoma e paisagista do Ibrap (Instituto Brasileiro de Paisagismo).
"O calor pode ser evitado com árvores que protejam a face oeste das edificações e, nas regiões mais quentes, também a face norte", recomenda o paisagista Benedito Abbud. "Com árvores de folhas caducas [que caem], tem-se sombra no verão e sol no inverno."

Barreira acústica
Além de proteger do sol, há espécies que ajudam a manter o som e a poluição do lado de fora. Recursos como cercas vivas, treliças com trepadeiras e árvores fechadas são eficientes para segurar ruído e poeira.
"As árvores servem como anteparo. Quanto mais frondosa a copa, melhor", explica o engenheiro agrônomo Shoey Kanashiro, 54, do Instituto Botânico.
Quando não há muito espaço, o paisagista Gilberto Elkis, 44, sugere treliças com trepadeiras.
"A bambuza [bambu ornamental] é bom anteparo visual e auditivo em áreas pequenas", diz Edson Valério, 44, engenheiro agrônomo e professor de paisagismo do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). "Em espaços maiores, a areca-bambu serve de cerca viva."
A água pode ser aliada do silêncio no aspecto relaxante que a vegetação revela. "Ela tem um aspecto psicológico interessante, como o de reflexo, o de movimento e o de relaxamento", explica a arquiteta Marcella Ocke, 30, professora de paisagismo do Senac.
Para evitar problemas com a água, em terrenos com solos encharcados, por exemplo, algumas espécies podem ajudar na drenagem. "Uma árvore de 8 m a 10 m absorve 50 l de água por dia, o que ajuda a evitar enchentes", demonstra Cânovas.

Impacto urbano
Dentro e fora de casa, a vegetação também altera a configuração do espaço. A paisagista Emília Seika Kai, 28, usou a varanda de um apartamento para dar a sensação de ampliar a área da sala. "Coloquei vasos e jardineiras na varanda e estendi o deque para dar continuidade ao ambiente."
Para o paisagista Marcelo Faisal, as plantas podem ter até uma função logística. "Criam circulação e podem servir como balizadoras."
A colaboração das verdinhas não se limita à área da propriedade. "As pessoas às vezes tiram a vegetação da frente da casa para resolver problemas de garagem e de varrição. No âmbito coletivo, isso aumenta a quantidade de poeira em suspensão e diminui a quantidade de informação visual agradável na cidade", pondera Euler Sandeville Junior, 46, professor de paisagismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
"Estender a vegetação até a calçada favorece a socialização", diz Valério. "Um jardim pode contribuir com a preservação de algumas espécies."
Sanderville também ressalta a dimensão educativa das plantas. "Crianças que observam o ciclo de vida das plantas podem aprender a importância dos cuidados e a valorizar o amadurecimento." (BRUNA MARTINS FONTES)


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