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Caso Battisti caminha para solução jurídica
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de deflagrar uma crise diplomática entre o Brasil e a
Itália, o caso Cesare Battisti parece estar a caminho de uma
solução jurídica.
Alterando seu discurso inicial de defesa da concessão do
refúgio político ao terrorista
italiano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agora afirma
que acatará a decisão do STF
(Supremo Tribunal Federal)
sobre o tema -embora, legalmente, a prerrogativa seja sua.
Assim, quem fica mal na foto
é o ministro Tarso Genro (Justiça), o mentor da concessão do
asilo. Foi Tarso quem concedeu
o refúgio no dia 13, contrariando decisão do Conare (Conselho Nacional de Refugiados),
considerando Battisti um perseguido político.
A decisão, apoiada por setores da esquerda brasileira que
fizeram lobby em prol de Battisti, gerou protestos generalizados na Itália. Roma acabou
chamando seu embaixador no
Brasil para consultas, uma medida diplomática dura.
Battisti foi condenado na Itália por participação em quatro
homicídios quando militava na
organização de esquerda PAC
(Proletários Armados pelo Comunismo), nos anos 70. Aproveitou que o governo socialista
de François Mitterrand abrigava esquerdistas condenados em
seus países e passou anos na
França. Como a chamada
"Doutrina Mitterrand" caiu, à
luz das regras legais da União
Europeia, Battisti acabou fugindo com documentos falsos.
Preso em 2007, Battisti nega
os crimes e afirma que o processo todo foi viciado por ter tido depoimento de ex-companheiros detidos e beneficiados
com delação premiada. Alega
também falsificações e que não
foi ouvido no processo. A Corte
Europeia de Direitos Humanos, quando analisou o recurso
do italiano, considerou que ele
teve todas as oportunidades para se defender e não o fez.
Depois da prisão, a Itália pediu ao Brasil sua extradição,
processo no STF que deveria
ser extinto com a decisão de
Tarso. Mas o presidente do tribunal, Gilmar Mendes, pediu à
Procuradoria Geral da República um parecer confirmando a
legalidade do ato do ministro. O
parecer foi dado, mas o relator
do caso, ministro Cezar Peluso,
decidiu analisar o recurso de
Roma. Com isso, Battisti segue
preso em Brasília, e com a nova
posição de Lula poderá acabar
extraditado -se o STF decidir
isso em julgamento.
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