|
Corte de vagas causa queda-de-braço entre empresários e sindicalistas
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O corte de vagas por causa
dos efeitos da crise internacional no Brasil provocou
uma queda-de-braço entre
empresários e sindicalistas. O
presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, disse que as
companhias terão que demitir
se os trabalhadores não aceitarem acordos para flexilizar
os empregos.
Há cerca de dez dias, a Força
Sindical, que reúne 1.380 sindicatos e representa 7 milhões
de trabalhadores, convidou a
federação da indústria paulista para discutir alternativas às
demissões. A central, que havia concordado com soluções
como redução de jornada com
respectiva diminuição de salário, interrompeu as negociações depois que grandes companhias afirmaram que não
podem garantir manutenção
dos empregos mesmo que os
acordos de flexibilização sejam fechados.
As propostas para evitar as
demissões racharam as centrais. A CUT (Central Única
dos Trabalhadores), maior
central sindical do país, com
3.438 entidades filiadas e 22
milhões de trabalhadores, não
quis participar das reuniões
entre a Força e a Fiesp. Artur
Henrique, presidente da CUT,
destacou que, caso sejam fechados modelos de flexilibilizações para que as empresas
os reproduzam em cada fábrica -ideia inicialmente endossada pela Força- os trabalhadores já começariam perdendo na negociação.
Diante da queda-de-braço
entre empresários e trabalhadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou se
reunir amanhã com as centrais. Os sindicalistas devem
pedir ao presidente medidas
para diminuir a carga tributária das empresas, mas com a
contrapartida de garantia do
emprego.
Enquanto dura o impasse,
as empresas continuam a
anunciar demissões. Nesta semana, a GM fez o primeiro
grande corte de vagas do setor
automotivo, com a dispensa
de 744 funcionários temporários em São José dos Campos
(SP). A Votorantim Metais
deu férias coletivas a trabalhadores das unidades de Juiz de
Fora e Morro Agudo-Paracatu
(MG) e a siderúrgica ArcelorMittal Aços Longos fechou um
acordo com o sindicato dos
metalúrgicos da região para a
suspensão dos contratos de
trabalho de 1.300 funcionários.
Próximo Texto: Manchetes Índice
|