LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Durou menos de uma semana o discurso do ministro Guido Mantega (Fazenda) em defesa da estratégia de empurrar para os contribuintes de classe média a conta da queda na arrecadação de tributos.
No dia 8, a Folha revelou o artifício adotado pela Receita, a mando da equipe do ministro, de devolver só em 2010 R$ 3 bilhões do Imposto de Renda das pessoas físicas retido a mais em 2008. De junho (primeiro lote) a outubro, as restituições ficaram R$ 1,5 bilhão abaixo dos valores liberados no mesmo período do ano passado.
Mantega admitiu a prática, minimizando seu impacto. Disse que ninguém seria prejudicado, pois o imposto é corrigido pela Selic (taxa básica da economia), em 8,75% ao ano. O argumento não colou -as pessoas com direito à devolução do IR costumam usar o dinheiro para pagar dívidas cujos juros superam a Selic.
Lula não gostou da repercussão e mandou Mantega recuar. Na quarta, o ministro anunciou o pagamento de toda a restituição até dezembro. Mas disse que, como sempre ocorre, um resíduo -cerca de R$ 1,5 bilhão- ficará mesmo para 2010.


Próximo Texto: Imagem da semana
Índice