São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

Protestos maciços contra suspeita de fraude no Irã revelam país em transe

DA REDAÇÃO

A eleição presidencial no Irã pode não ter mudado o alto escalão do poder na república islâmica, mas o status quo ali dificilmente permanecerá como era antes de 12 de junho.
A suspeita de fraude no pleito que reconduziu o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad deflagrou a maior onda de protestos no país desde a Revolução Islâmica, em 1979. E desvelou divisões complexas e consolidadas tanto na sociedade como no círculo do poder.
Embora parcela significativa dos analistas -iranianos exilados e estrangeiros- não preveja que a força das atuais manifestações seja capaz de provocar mudanças tão profundas como aquelas iniciadas há 30 anos, na esteira do retorno do aiatolá Ruhollah Khomeini do exílio, poucos esperam que as coisas continuem como eram.
Não depois das centenas de milhares que foram às ruas protestar e gritar fraude mesmo sob a repressão violenta pelo governo e seu saldo fatal. Nem da enxurrada de informações alimentada por jovens hiperconectados, apesar das barreiras, do cerco cerrado à mídia e da quase-expulsão de jornalistas estrangeiros do país.
Não menos sintomáticos são o discurso cada vez mais ameaçador do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, e a ascensão como líder da oposição do principal candidato derrotado, Mir Hossein Mousavi -figura dúbia oriunda do próprio establishment teocrático iraniano.
Conta ainda a pressão externa -firme na voz de governos europeus; titubeante na do americano Barack Obama-, embora seja difícil mensurar seu efeito em país tão peculiar.
Evidente apenas é que as cenas desta semana estão demais além de uma rixa de torcidas.


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