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Protestos maciços contra suspeita de fraude no Irã revelam país em transe
DA REDAÇÃO
A eleição presidencial no Irã
pode não ter mudado o alto escalão do poder na república islâmica, mas o status quo ali dificilmente permanecerá como
era antes de 12 de junho.
A suspeita de fraude no pleito
que reconduziu o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad
deflagrou a maior onda de protestos no país desde a Revolução Islâmica, em 1979. E desvelou divisões complexas e consolidadas tanto na sociedade
como no círculo do poder.
Embora parcela significativa
dos analistas -iranianos exilados e estrangeiros- não preveja que a força das atuais manifestações seja capaz de provocar mudanças tão profundas
como aquelas iniciadas há 30
anos, na esteira do retorno do
aiatolá Ruhollah Khomeini do
exílio, poucos esperam que as
coisas continuem como eram.
Não depois das centenas de
milhares que foram às ruas
protestar e gritar fraude mesmo sob a repressão violenta pelo governo e seu saldo fatal.
Nem da enxurrada de informações alimentada por jovens hiperconectados, apesar das barreiras, do cerco cerrado à mídia
e da quase-expulsão de jornalistas estrangeiros do país.
Não menos sintomáticos são
o discurso cada vez mais ameaçador do líder supremo do país,
aiatolá Ali Khamenei, e a ascensão como líder da oposição do
principal candidato derrotado,
Mir Hossein Mousavi -figura
dúbia oriunda do próprio establishment teocrático iraniano.
Conta ainda a pressão externa -firme na voz de governos
europeus; titubeante na do
americano Barack Obama-,
embora seja difícil mensurar
seu efeito em país tão peculiar.
Evidente apenas é que as cenas desta semana estão demais
além de uma rixa de torcidas.
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