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Clima pesado no Supremo Tribunal Federal deve continuar
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal
Federal) entrou em ebulição na
semana que passou com um áspero bate-boca que já entrou
para a história da mais alta Corte do país. E sintomático do
momento de Fla-Flu que o Judiciário e seu entorno vivem.
Na quarta-feira, o STF discutia uma lei que estendia a funcionários de cartório do Paraná
direito a se aposentar pela Previdência estadual. Houve uma
discussão inicial, em que o presidente do STF, Gilmar Mendes, entendeu que o ministro
Joaquim Barbosa o havia acusado de sonegar informações.
Disse então que ele adotava
critério de classe social em seu
julgamento.
A situação saiu de controle
quando Barbosa acusou Mendes de "estar destruindo a Justiça deste país", que deveria ir
"às ruas" e que o presidente não
estava "falando com seus capangas de Mato Grosso".
Barbosa vociferou críticas
comumente encontradas na
"blogosfera" e entre políticos
governistas, de que Mendes age
como uma espécie de "líder da
oposição" e seria um "coronel"
no seu Estado. O constrangimento foi enorme, e a sessão foi
suspensa. Ato contínuo, oito
ministros se reuniram com
Mendes -Barbosa foi embora,
Ellen Gracie estava viajando.
Divulgaram uma nota de apoio
a Mendes, após considerar e
desistir de uma censura pública
a Barbosa, o que poderia acirrar
ainda mais os ânimos.
Mendes tem atuação polêmica por geralmente não furtar-se
a comentar assuntos da ordem
do dia como ações do MST e
por ter incentivado um comportamento ativo do tribunal
na análise de temas tradicionalmente decididos no Legislativo. Seus críticos veem nisso
uma atuação indevida para sua
posição e um atropelo institucional. Mendes entrou em conflito com magistrados federais
ao conceder dois habeas corpus
ao banqueiro Daniel Dantas,
preso pela Operação Satiagraha
da Polícia Federal no ano passado. Criticou a associação entre juízes da primeira instância
com procuradores em casos
análogos e denunciou mecanismos de um Estado policial nas
ações da PF. Boa parte dos métodos da Operação Satiagraha
acabaram considerados ilegais
pela própria polícia.
Barbosa, que já havia se envolvido em discussões anteriores com Mendes e outros ministros, é visto como um juiz
com pontos de vista próximo
aos do Ministério Público, e por
isso é tido pelos detratores de
Mendes como seu antípoda.
A operação de contenção do
caso pelos ministros do STF
parecia ter dado resultado até a
sexta-feira, mas é improvável
que o clima pesado se dissipe
rapidamente.
Veja na Folha Online a discussão
www.folha.com.br/0911211
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