São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

Terremoto em SP assusta e frustra paulistanos

DA REPORTAGEM LOCAL

"Você conseguiu sentir?"
Essa foi a pergunta mais ouvida em São Paulo na noite de terça, após tremor de 5,2 graus da escala Richter, registrado às 21h. Num terremoto sem vítimas e que não causou tantos estragos, alguns paulistanos se sentiram à vontade para dizer que ficaram frustrados por não terem percebido o abalo.
O tremor com epicentro em alto-mar, a 215 km de São Vicente, pareceu mais intenso para moradores de prédios em áreas com subsolo argiloso -como Pinheiros e Butantã-, sobretudo aqueles que vivem em andares altos. Mas em algumas regiões foram registrados estragos. Houve rachaduras em 17 prédios da capital paulista e o rompimento de uma adutora, que deixou 20 mil pessoas sem água em Mogi das Cruzes.
Desde a noite da terça, geólogos das universidades de São Paulo e Brasília -que possuem os centros mais modernos de monitoramento de tremores no país- trabalham sobre os dados dos sismógrafos. Mas entender a dinâmica de terremotos em áreas que ficam no centro de placas tectônicas, como o litoral brasileiro, não é tão simples. Abalos mais fortes costumam ocorrer mais próximos das áreas de junção de placas, como Japão e Califórnia.
Para Marcelo de Assumpção, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, a causa mais provável foi uma "quebra" na camada de granito abaixo do leito oceânico. A ruptura teria ocorrido porque nessa região o estrato rochoso é fino -uma irregularidade causada pelo movimento da placa tectônica da América do Sul. O peso da camada de sedimentos sobre a de granito também cria instabilidade, mas a capital não deve sentir um tremor dessa escala nos próximos 20 anos, diz.
Já Lucas Vieira de Barros, do Observatório Sismológico da UnB, afirmou que o Brasil vem sofrendo um "recrudescimento sísmico". Há uma espécie de acomodação da placa tectônica, o que explicaria a ocorrência de outros terremotos brasileiros, como os de Sobral (CE) e de Itacarambi (MG).


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