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Terremoto em SP assusta e frustra paulistanos
DA REPORTAGEM LOCAL
"Você conseguiu sentir?"
Essa foi a pergunta mais ouvida em São Paulo na noite de
terça, após tremor de 5,2 graus
da escala Richter, registrado às
21h. Num terremoto sem vítimas e que não causou tantos estragos, alguns paulistanos se
sentiram à vontade para dizer
que ficaram frustrados por não
terem percebido o abalo.
O tremor com epicentro em
alto-mar, a 215 km de São Vicente, pareceu mais intenso para moradores de prédios em
áreas com subsolo argiloso
-como Pinheiros e Butantã-,
sobretudo aqueles que vivem
em andares altos. Mas em algumas regiões foram registrados
estragos. Houve rachaduras em
17 prédios da capital paulista e
o rompimento de uma adutora,
que deixou 20 mil pessoas sem
água em Mogi das Cruzes.
Desde a noite da terça, geólogos das universidades de São
Paulo e Brasília -que possuem
os centros mais modernos de
monitoramento de tremores
no país- trabalham sobre os
dados dos sismógrafos. Mas entender a dinâmica de terremotos em áreas que ficam no centro de placas tectônicas, como o
litoral brasileiro, não é tão simples. Abalos mais fortes costumam ocorrer mais próximos
das áreas de junção de placas,
como Japão e Califórnia.
Para Marcelo de Assumpção,
do Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, a causa mais provável foi uma "quebra" na camada
de granito abaixo do leito oceânico. A ruptura teria ocorrido
porque nessa região o estrato
rochoso é fino -uma irregularidade causada pelo movimento da placa tectônica da América do Sul. O peso da camada de
sedimentos sobre a de granito
também cria instabilidade, mas
a capital não deve sentir um
tremor dessa escala nos próximos 20 anos, diz.
Já Lucas Vieira de Barros, do
Observatório Sismológico da
UnB, afirmou que o Brasil vem
sofrendo um "recrudescimento
sísmico". Há uma espécie de
acomodação da placa tectônica,
o que explicaria a ocorrência de
outros terremotos brasileiros,
como os de Sobral (CE) e de
Itacarambi (MG).
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