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Pacote de socorro emperra e abala mercados
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Recebido como solução para
a crise das hipotecas americanas, o pacote de US$ 700 bilhões de socorro ao sistema financeiro se transformou em alvo de disputas políticas de difícil negociação no Congresso
dos EUA, a apenas 40 dias das
eleições presidenciais.
Às três páginas originais encaminhadas pelo governo
George Bush ao Congresso, foram somadas outras centenas
com as mais variadas propostas
tanto de congressistas aliados
do governo quanto da oposição.
Em jogo, estão as contrapartidas que deverão ser exigidas
das instituições que serão socorridas. Nas palavras do congressista democrata Henry
Waxman, o objetivo é não fazer
o pacote virar um prêmio para
os bancos que tiveram "comportamento irresponsável".
Pesquisa da Associated Press
mostra que 45% da população é
contra o pacote e só 30% diz ser
favorável -o restante não sabe.
Com a maioria da população
contrária ao uso do dinheiro do
contribuinte para compra de títulos podres dos bancos, os
congressistas aventaram ao
longo da semana várias hipóteses para estabelecer essas contrapartidas -leilão de títulos
podres, compra apenas dos papéis mais problemáticos, utilização de franquias para acionar
seguros de carteiras etc.
Os democratas bateram o pé
para limitar os bônus milionários dos executivos de Wall
Street e incluir uma ajuda aos
mutuários da casa própria, enquanto os republicanos insistiam em uma solução de mercado para dar preço aos papéis.
Para viabilizar um acordo,
Ben Bernanke e Henry Paulson, presidente do Fed [BC dos
EUA] e secretário do Tesouro,
foram ao Congresso dizer que
sem o pacote o país rumará para uma séria recessão.
Até o presidente Bush foi à
televisão falar sobre a seriedade da crise. Disse que, se o Congresso não agir logo, o país entrará "numa longa e dolorosa
recessão", na qual "milhões podem perder o emprego".
A expectativa de que um
acordo seja fechado ainda neste
final de semana, antes da abertura dos mercados amanhã,
animou os investidores na sexta. No balanço da semana, a
Bolsa de Nova York teve perdas
de 2,15% no índice Dow Jones e
a Nasdaq, de 3,98%. No Brasil, a
Bovespa recuou 4,28%, enquanto o dólar subiu mais
1,09% e voltou a R$ 1,851.
Diante de uma crise de caixa
que atingiu especialmente os
bancos pequenos, o Banco Central surpreendeu na quarta ao
flexibilizar os depósitos compulsórios, dinheiro dos bancos
recolhido obrigatoriamente.
A medida do BC deve injetar
R$ 13,2 bilhões na economia,
mas há dúvidas sobre os efeitos
reais que essa flexibilização terá na retomada das operações
de crédito para as pequenas e
médias empresas.
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