São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008


Pacote de socorro emperra e abala mercados

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Recebido como solução para a crise das hipotecas americanas, o pacote de US$ 700 bilhões de socorro ao sistema financeiro se transformou em alvo de disputas políticas de difícil negociação no Congresso dos EUA, a apenas 40 dias das eleições presidenciais.
Às três páginas originais encaminhadas pelo governo George Bush ao Congresso, foram somadas outras centenas com as mais variadas propostas tanto de congressistas aliados do governo quanto da oposição.
Em jogo, estão as contrapartidas que deverão ser exigidas das instituições que serão socorridas. Nas palavras do congressista democrata Henry Waxman, o objetivo é não fazer o pacote virar um prêmio para os bancos que tiveram "comportamento irresponsável".
Pesquisa da Associated Press mostra que 45% da população é contra o pacote e só 30% diz ser favorável -o restante não sabe.
Com a maioria da população contrária ao uso do dinheiro do contribuinte para compra de títulos podres dos bancos, os congressistas aventaram ao longo da semana várias hipóteses para estabelecer essas contrapartidas -leilão de títulos podres, compra apenas dos papéis mais problemáticos, utilização de franquias para acionar seguros de carteiras etc.
Os democratas bateram o pé para limitar os bônus milionários dos executivos de Wall Street e incluir uma ajuda aos mutuários da casa própria, enquanto os republicanos insistiam em uma solução de mercado para dar preço aos papéis.
Para viabilizar um acordo, Ben Bernanke e Henry Paulson, presidente do Fed [BC dos EUA] e secretário do Tesouro, foram ao Congresso dizer que sem o pacote o país rumará para uma séria recessão.
Até o presidente Bush foi à televisão falar sobre a seriedade da crise. Disse que, se o Congresso não agir logo, o país entrará "numa longa e dolorosa recessão", na qual "milhões podem perder o emprego".
A expectativa de que um acordo seja fechado ainda neste final de semana, antes da abertura dos mercados amanhã, animou os investidores na sexta. No balanço da semana, a Bolsa de Nova York teve perdas de 2,15% no índice Dow Jones e a Nasdaq, de 3,98%. No Brasil, a Bovespa recuou 4,28%, enquanto o dólar subiu mais 1,09% e voltou a R$ 1,851.
Diante de uma crise de caixa que atingiu especialmente os bancos pequenos, o Banco Central surpreendeu na quarta ao flexibilizar os depósitos compulsórios, dinheiro dos bancos recolhido obrigatoriamente.
A medida do BC deve injetar R$ 13,2 bilhões na economia, mas há dúvidas sobre os efeitos reais que essa flexibilização terá na retomada das operações de crédito para as pequenas e médias empresas.


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