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Dossiê atrapalha planos da presidenciável Dilma
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O enredo é explosivo: elaboração de dossiê contra a oposição, vazamento de dados sigilosos, maquinações dentro do Palácio do Planalto, suspeitas sobre a equipe da principal presidenciável governista para 2010,
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil). Ecos de nomes como
Waldomiro Diniz e Antonio Palocci se fizeram presentes, e o
governo entrou em pânico.
A semana política, que prometia boas notícias para o presidente Lula, como a alta em
sua popularidade, acabou sendo dominada pela revelação de
que partiu da cozinha da pasta
de Dilma a ordem para que fossem levantados dados sobre os
gastos feitos pela família do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB).
O dossiê, ou "banco de dados" como sustenta o governo,
teve sua existência revelada no
fim de semana passado pela revista "Veja". Alguns de seus trechos transpareceram, e a então
moribunda CPI dos Cartões
Corporativos virou palco para
um embate entre governo e
oposição -com o primeiro impondo sua vontade na comissão, evitando a convocação da
toda-poderosa Dilma.
De sua parte, a ministra viajou com Lula para lançamentos
de obras do Programa de Aceleração do Crescimento, indisfarçável trampolim para tentar
ficar mais conhecida do eleitorado. Até de "mulher arretada"
foi chamada, e parecia que o caso do dossiê iria esfriar.
Até que na sexta-feira a Folha revelou que a ordem para o
levantamento foi dada por Erenice Guerra, a secretária-executiva e braço direito de Dilma.
Ocorreram nervosas reuniões
para unificar uma estratégia,
que até então buscava apenas
tirar Dilma do foco.
Como isso ficou impossível,
foi decidido confirmar a coleta
dos dados, mas que isso não é
montagem de dossiê, e sim organização de informação visando atender a eventuais requerimentos da CPI. O argumento tem fragilidades, e resta saber
se será suficiente para os desígnios do Planalto.
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