|
Próximo Texto | Índice
Aquecimento anormal dos oceanos e concreto levam a chuvas recordes em SP
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram 38 dias de chuvas na
cidade de São Paulo, contando
até a última sexta-feira.
Os índices que, desde os anos
1930, medem a quantidade de
água caindo atestam que nunca
choveu tanto em um único mês
de janeiro. O fenômeno intriga
até os meteorologistas.
Os oceanos Pacífico e Atlântico estão mais quentes do que
o normal na altura do Equador.
No primeiro caso, é culpa do El
Niño, que altera o padrão de
ventos sobre a América do Sul.
O Atlântico mais quente acaba jogando mais umidade sobre
a Amazônia também. Esse ar
excessivamente úmido, desde o
fim do ano passado, está migrando para o Sudeste e para o
Sul do país. A imagem de satélite da trágica virada do ano, por
exemplo, é categórica. Existia
uma massa de nuvens sobre
quase todo o Brasil.
Em São Paulo, especificamente, o concreto ajuda a bombear calor para o alto, o que engorda as nuvens. A chuva, que
se forma com rapidez, cai com
mais força sobre a capital.
A Defesa Civil do Estado registrou 68 vidas perdidas até
sexta. Mais de 20 mil pessoas
foram atingidas só em São Paulo. Negócios foram afetados -é
só ver as verduras no mercado.
Pessoas de todas as faixas sociais que ocuparam as várzeas
dos rios, muitas vezes com a
concordância do poder público,
estão ameaçadas. É o caso dos
moradores de Atibaia, que estão na rota de um rio represado
para a formação de um dos
maiores reservatórios de abastecimento de água do mundo. A
represa Atibainha, por exemplo, atingiu o seu nível máximo.
No interior e na capital, surgem provas de que o poder público não investiu em infraestrutura para evitar o pior.
Próximo Texto: Imagem da semana Índice
|