Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

PMs suspeitos de achacar tráfico são presos

PF afirma que a quadrilha tinha até tabela de preços com valor de propina cobrada para não incomodar traficantes

Apuração aponta que policiais também se apropriavam das drogas apreendidas com bandidos abordados

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Uma investigação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio sobre tráfico de drogas descobriu que pelo menos 22 policiais militares extorquiram dinheiro, sequestraram traficantes, se apropriaram de drogas e armas e até mataram pessoas.

Todos os policiais atuavam em São Gonçalo, onde trabalhava a juíza Patrícia Acioli, assassinada em agosto.

O trabalho de um ano e meio revelou que a base da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em Ribeirão Preto (interior de SP), enviou drogas e armas à favela do Salgueiro.

Segundo as investigações, o local virou entreposto de drogas, distribuídas para o interior do Rio, após a ocupação do Complexo do Alemão pela Força de Pacificação, em novembro do ano passado.

O promotor Daniel Faria Braz estima que o bando movimentasse, em média, R$ 100 mil por semana.

TABELA DE PREÇOS

Os policiais federais descobriram que os PMs, todos do 7º BPM (São Gonçalo) chegaram a fazer uma tabela de propinas. Os preços cobrados dos traficantes variavam de R$ 500 a R$ 30 mil.

Segundo os investigadores, o preço variava de acordo com o posto do criminoso na hierarquia da quadrilha. Em uma ocasião, um menor foi detido com drogas. Os policiais negociaram com os traficantes a liberdade dele por R$ 500, mais as drogas.

Em outra ocasião, um PM matou um suposto traficante ao não chegar a um acordo sobre o valor da propina.

Dos 46 mandados de prisão, 31 eram de pessoas que já estavam presas. Cinco pessoas foram presas ontem, entre elas uma advogada. Um dos envolvidos está morto e os outros nove fugiram.

Dois policiais já estavam presos, acusados pelo assassinato da juíza. O nome da operação -Martelo de Ferro- é referência à forma como os policiais a chamavam.

Não há oficiais entre os presos, só cabos e sargentos.

"Não conseguimos comprovar a participação de superiores. Há suspeita, mas preferimos denunciar os PMs de quem temos provas concretas", disse o promotor.

Advogados de policiais que não quiseram comentar o caso e não autorizaram a divulgação de seus nomes.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.