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Controverso, monotrilho recebe as primeiras vigas na zona leste

Moradores acompanham operação das varandas de apartamentos e temem ser vistos na piscina

Para Metrô, já dá para notar a diferença para um 'minhocão' e visual ficará melhor com a arborização

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

A aposta em monotrilhos -tipo de trem sobre pneus em vias elevadas- ainda pode render anos de controvérsia em São Paulo. Mas um dos principais mistérios desse transporte está mais perto do fim: seu impacto visual.

Agora não é mais preciso recorrer a maquetes para opinar sobre sua aparência, comparada, pelos opositores, a uma espécie de "minhocão" e, pelos defensores, a um metrô moderno ("discreto", apesar de não ficar escondido).

Basta dar uma passadinha na altura do número 2.250 da avenida Luís Ignácio de Anhaia Mello, na zona leste.

Lá foram içadas às 23h de anteontem as duas primeiras vigas-trilhos de um monotrilho da América do Sul -que farão parte da extensão da linha 2-verde, da Vila Prudente até Cidade Tiradentes.

Com 30 m de comprimento (comparáveis a sete carros em fila) e 70 t cada, as vigas foram instaladas por dois guindastes a uma altura de 15 m. Uma operação delicada, acompanhada pela cúpula do Metrô, pela Folha e por alguns moradores com vista 'privilegiada' das varandas de seus apartamentos.

As vigas estão a menos de 30 m da janela da psicóloga Francisca Maria da Paixão, 40, que fez questão de testemunhar a colocação da estrutura.

"Além de interferir na visão, tem o barulho. É invasivo. Quem estiver no monotrilho verá a piscina do condomínio."

Nos próximos seis meses, 450 vigas serão instaladas sobre 107 pilares só nesse primeiro trecho -64 já estão nas vias.

"Pode ser um pouco estranho no início. Mas não é um minhocão, já dá para notar a diferença. A resistência inicial foi grande porque ninguém sabia como seria", diz Paulo Sérgio Meca, gerente do empreendimento no Metrô.

Para ele, a aparência será melhor no final das obras. "Não vai formar um viaduto fechado, tem penetração de água e luz. E vamos arborizar. A vegetação vai esconder um pouco a estrutura", diz.

CRONOGRAMA

As obras do primeiro trecho começaram em 2010 e devem terminar no final de 2013. Com 2,9 km, ele liga as estações Vila Prudente e Oratório.

O restante da obra, estimada em R$ 2,8 bilhões, ainda depende de licenças. O segundo trecho (Oratório/São Mateus, de 10 km) é previsto para 2014. O último (São Mateus/Cidade Tiradentes, de 11 km), em 2016.

O monotrilho será implantado principalmente no canteiro central de avenidas como Anhaia Mello, Sapopemba, Ragueb Chohfi, Metalúrgicos e Estrada do Iguatemi.

Além do impacto visual, os opositores questionam os custos de construção e manutenção e a capacidade de atender à demanda superior a 40 mil passageiros/hora na região.

O Estado alega que a qualidade será semelhante à do metrô (com velocidade máxima de 80 km/h, sem poluir e com baixo ruído), com a vantagem da implantação mais rápida. Diz que ele será diferenciado, com mais trens do que em outros lugares do mundo. E que, por isso, conseguirá transportar tanta gente.

TRANSPORTE

A produção das vigas do monotrilho -até seis peças por dia- está sendo feita na avenida Jacu Pêssego. O transporte até os lugares onde serão instaladas é delicado, num trajeto de duas horas. Será feito diariamente, após as 21h, passando por vias como Sapopemba, Ragueb Chohfi e Anhia Mello. Provocará interferências no trânsito, assim como a instalação das vigas, que bloqueou parte da Anhaia Mello.

"A ideia é lançar quatro vigas por dia. Demora de meia a uma hora", diz Meca.

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