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'Mãetorista' põe 50 mil carros nas ruas no rush

De manhã, 5% da frota nas vias é exclusivamente para transportar alunos

Viagens seriam dispensáveis com carona solidária e melhoria em perua escolar, diz técnica

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

Branca Meliza Mandetta se autodefine como "mãetorista": há mais de dez anos, acorda cedo e fica presa no trânsito diário só para levar alguma das filhas na escola.
Como analista de concepção e projeto de transporte do Metrô de São Paulo, ela descobriu que, apenas entre as 6h30 e as 8h30, ao menos 50 mil automóveis entopem as vias paulistanas diariamente com uma rotina semelhante.
São motoristas (em geral, pais ou mães) que saem às ruas exclusivamente para deixar alguém (em geral, filhos) numa instituição de ensino e, em seguida, voltar para casa.
Viagens que, como reconhece Branca, seriam, em boa parte, dispensáveis -com medidas mais racionais de deslocamento, como a carona solidária, e melhorias nos serviços de peruas escolares e do transporte coletivo.
O movimento pendular -casa-escola, escola-casa- de carros foi mapeado neste ano e apresentado no 18º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito pela especialista, a partir de levantamentos da última pesquisa Origem/Destino de 2007 do Metrô.
Esse volume de carros em duas horas não conta os que estendem a viagem em atividades complementares -como ir ao trabalho, ao mercado ou à academia. Equivale à frota inteira de cidades do interior paulista como Guaratinguetá, Vinhedo e Paulínia.
A demanda representa 5,3% das viagens de carro nesse horário. O impacto não é pequeno, afirmam técnicos.
O número de veículos supera a frota inteira de ônibus (urbanos, rodoviários e fretados) da cidade de São Paulo.

ESCOLAR
Apesar do avanço do transporte escolar nos últimos anos, deslocamentos a pé e de carro ainda predominam na cidade de São Paulo por motivo de educação.
"Minha filha ficou dois anos na perua escolar. Mas é precário. Ficava muito tempo dentro da perua. Se houvesse um sistema diferenciado, mesmo com tarifa maior, haveria demanda", diz Branca.
E com qual idade um estudante poderia ir à escola sozinho de ônibus ou de metrô, de forma segura?
Para Ailton Brasiliense, presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), é "razoável" considerar essa possibilidade a partir dos 10 anos, embora com diversos condicionantes.
"Depende se ele desperta confiança, se distingue riscos básicos. Mas isso contribui para a própria maturidade", afirma.

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