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Calçada recém-reformada já tem buraco e piso solto
Passeios de ruas nobres de SP, como Augusta e Oscar Freire, acumulam problemas
Trechos que passaram por obras há menos de 12 meses estão atualmente em estado de deterioração, com afundamentos e desníveis
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Recém-reformadas há menos de 12 meses, diversas calçadas de avenidas e ruas nobres
de São Paulo já apresentam
problemas ou estão em estado
de deterioração que remetem
ao cenário anterior às obras.
O pior estado é o da Augusta,
que em quase toda a sua extensão tem pedras soltas, buracos,
afundamento do piso e níveis
irregulares de pavimentação.
A reforma dos 16 mil m2 de
calçadas dos 3 km da rua custou R$ 2,2 milhões às subprefeituras da Sé e de Pinheiros. A
obra foi realizada entre agosto
de 2006 e fevereiro de 2007.
Foi instalado um piso de blocos de concreto intertravados,
separados uns dos outros por
camadas de areia.
Na Oscar Freire, a vitrine do
comércio de luxo de São Paulo,
que na região reúne grifes internacionais como Montblanc,
Diesel, Giorgio Armani, Tiffany's, Calvin Klein e Versace,
tem pisos soltos, rachados e até
com a estrutura de ferro aparente. Não raro são vistos tropeços, arranhões ou sapatos de
salto-alto enroscados.
Além das placas de concreto
descoladas, algumas guias para
cegos, amarelas e com relevo
sinalizador, estão soltas.
Reformada por cerca de R$
8,5 milhões, as calçadas da rua
já apresentavam esses problemas desde maio, cinco meses
depois da conclusão das obras,
que também retirou postes e
soterrou a fiação elétrica.
No bulevar da Avanhandava,
que concentra alguns dos restaurantes mais famosos da cidade, há pedras soltas ou ausentes, que se tornam poças
d'água em dias de chuva.
E, na vistosa avenida Paulista, que nem sequer concluiu o
primeiro terço da reforma, a
calçada no trecho entre o Hospital Santa Catarina e a agência
vizinha do Bradesco já apresenta os primeiros sinais de rachaduras. A previsão é que as
obras sejam concluídas neste
primeiro semestre de 2008.
O secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, afirma que os problemas decorrem
do baixo custo das reformas.
"As obras são feitas por meio
de licitação. E nem sempre o
mais barato é o melhor", diz.
Segundo ele, o modelo de
blocos de concreto intertravados implantado na rua Augusta
é inadequado. O secretário afirma ainda que a manutenção
das calçadas é de responsabilidade dos comerciantes.
A reportagem percorreu toda a extensão das ruas Augusta
e Oscar Freire e o trecho em
obras na avenida Paulista e
identificou problemas em ao
menos 60 pontos. Em alguns
casos, por causa de obras dos
comerciantes ou de fluxo de
carros nas entradas e saídas de
estacionamentos e garagens da
região. Em outros, por aparentes falhas na execução da obra.
O próprio prefeito Gilberto
Kassab (DEM), que visitou recentemente a calçada da Paulista, deu nota zero e quatro para alguns trechos da reforma.
Na rua Augusta, um dos pontos mais alarmantes é o afundamento total do piso na esquina com a rua Dona Antônia de
Queirós. Já na Oscar Freire, a
situação é pior nos cruzamentos das ruas Bela Cintra e Haddock Lobo, com estruturas de
ferro trançado à mostra.
A arquiteta Andréia Cavalcanti, 34, que levava o filho Matheus, de oito meses, no carrinho de bebê pela Augusta,
queixava-se da irregularidade
do piso. "Olha isso aqui: tenho
de fazer um ziguezague para
empurrar o carrinho", diz.
Para a aposentada Ana Maria
Silveira, 76, que passeava de
bengala, a rua tem diversos
problemas, mas ainda está melhor do que antes. "Antigamente tinha até lama", afirmou.
Para muita gente que freqüenta a Augusta e a Oscar
Freire, porém, os principais
problemas são as calçadas estreitas, com grande fluxo de pedestres -que, em alguns trechos da Augusta, se acotovelam
inclusive com os camelôs.
"Em Copacabana o calçadão
é amplo, mais agradável. Em
Buenos Aires, além de planas,
as ruas e avenidas são mais largas", afirmou a turista francesa
Michelle Duprat, que acabara
de visitar o Rio e a Argentina.
Em maio, a Subprefeitura de
Pinheiros liberou o caminho
para a circulação de pedestres
na Oscar Freire e apreendeu
mesas, cadeiras e móveis de
dez lojas e restaurantes.
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