São Paulo, terça-feira, 01 de janeiro de 2008

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Calçada recém-reformada já tem buraco e piso solto

Passeios de ruas nobres de SP, como Augusta e Oscar Freire, acumulam problemas

Trechos que passaram por obras há menos de 12 meses estão atualmente em estado de deterioração, com afundamentos e desníveis

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Recém-reformadas há menos de 12 meses, diversas calçadas de avenidas e ruas nobres de São Paulo já apresentam problemas ou estão em estado de deterioração que remetem ao cenário anterior às obras.
O pior estado é o da Augusta, que em quase toda a sua extensão tem pedras soltas, buracos, afundamento do piso e níveis irregulares de pavimentação.
A reforma dos 16 mil m2 de calçadas dos 3 km da rua custou R$ 2,2 milhões às subprefeituras da Sé e de Pinheiros. A obra foi realizada entre agosto de 2006 e fevereiro de 2007.
Foi instalado um piso de blocos de concreto intertravados, separados uns dos outros por camadas de areia.
Na Oscar Freire, a vitrine do comércio de luxo de São Paulo, que na região reúne grifes internacionais como Montblanc, Diesel, Giorgio Armani, Tiffany's, Calvin Klein e Versace, tem pisos soltos, rachados e até com a estrutura de ferro aparente. Não raro são vistos tropeços, arranhões ou sapatos de salto-alto enroscados.
Além das placas de concreto descoladas, algumas guias para cegos, amarelas e com relevo sinalizador, estão soltas.
Reformada por cerca de R$ 8,5 milhões, as calçadas da rua já apresentavam esses problemas desde maio, cinco meses depois da conclusão das obras, que também retirou postes e soterrou a fiação elétrica.
No bulevar da Avanhandava, que concentra alguns dos restaurantes mais famosos da cidade, há pedras soltas ou ausentes, que se tornam poças d'água em dias de chuva.
E, na vistosa avenida Paulista, que nem sequer concluiu o primeiro terço da reforma, a calçada no trecho entre o Hospital Santa Catarina e a agência vizinha do Bradesco já apresenta os primeiros sinais de rachaduras. A previsão é que as obras sejam concluídas neste primeiro semestre de 2008.
O secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, afirma que os problemas decorrem do baixo custo das reformas. "As obras são feitas por meio de licitação. E nem sempre o mais barato é o melhor", diz.
Segundo ele, o modelo de blocos de concreto intertravados implantado na rua Augusta é inadequado. O secretário afirma ainda que a manutenção das calçadas é de responsabilidade dos comerciantes.
A reportagem percorreu toda a extensão das ruas Augusta e Oscar Freire e o trecho em obras na avenida Paulista e identificou problemas em ao menos 60 pontos. Em alguns casos, por causa de obras dos comerciantes ou de fluxo de carros nas entradas e saídas de estacionamentos e garagens da região. Em outros, por aparentes falhas na execução da obra.
O próprio prefeito Gilberto Kassab (DEM), que visitou recentemente a calçada da Paulista, deu nota zero e quatro para alguns trechos da reforma.
Na rua Augusta, um dos pontos mais alarmantes é o afundamento total do piso na esquina com a rua Dona Antônia de Queirós. Já na Oscar Freire, a situação é pior nos cruzamentos das ruas Bela Cintra e Haddock Lobo, com estruturas de ferro trançado à mostra.
A arquiteta Andréia Cavalcanti, 34, que levava o filho Matheus, de oito meses, no carrinho de bebê pela Augusta, queixava-se da irregularidade do piso. "Olha isso aqui: tenho de fazer um ziguezague para empurrar o carrinho", diz.
Para a aposentada Ana Maria Silveira, 76, que passeava de bengala, a rua tem diversos problemas, mas ainda está melhor do que antes. "Antigamente tinha até lama", afirmou.
Para muita gente que freqüenta a Augusta e a Oscar Freire, porém, os principais problemas são as calçadas estreitas, com grande fluxo de pedestres -que, em alguns trechos da Augusta, se acotovelam inclusive com os camelôs.
"Em Copacabana o calçadão é amplo, mais agradável. Em Buenos Aires, além de planas, as ruas e avenidas são mais largas", afirmou a turista francesa Michelle Duprat, que acabara de visitar o Rio e a Argentina.
Em maio, a Subprefeitura de Pinheiros liberou o caminho para a circulação de pedestres na Oscar Freire e apreendeu mesas, cadeiras e móveis de dez lojas e restaurantes.

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