São Paulo, sexta, 1 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Professor' faz massagens e chama anjos

da Reportagem Local

O ex-plantador de morangos Masatsugu Hirota traga longamente o Minister, abre um sorriso e aponta uma rocha no jardim. "Ali é o lugar de chamar os anjos. Da última vez, vieram muitos."
Aos 56 anos, o professor Hirota -como é conhecido- diz que nesse dia os anjos "foram vistos por todos os que quiseram ver". Sua relação com anjos e as imagens de Buda e Jesus que tem em casa não significam que seja religioso. "Só acredito na energia", diz, num português precário.
Todas as manhãs, na chácara às margens da rodovia D. Pedro 1º, em Atibaia, ele veste roupas brancas, prende os cabelos compridos com uma banda e se concentra para enfrentar a multidão.
Alguns serão curados com massagens. O paciente deita-se de bruços e Hirota sobe de pés descalços sobre suas costas. Com movimentos firmes do corpo, ele identificaria e curaria a doença.
O grupo maior de pessoas espera do lado de fora enquanto uma das auxiliares distribui senhas e fala dos anjos. "Vocês receberão aqui um anjo de cura. Na volta, não parem no caminho, não saiam da estrada, não se distraiam. Levem seu anjo direitinho para casa."
Os pacientes formam uma longa fila e são convidados a mostrar o local onde está a doença. Hirota recebe-os sobre um tatami e passa rapidamente a colar curativos sobre o local indicado. Em 35 minutos, atende quase 150. Todos sabem as instruções de cor: o curativo deve ser mantido por 48 horas sem ser molhado, depois queimado e as cinzas jogadas em água corrente.
"Eu não andava mais, o coração precisava de válvulas, o médico dizia que eu morreria de infarto ou derrame", conta Shinzo Takemoto, 82. "Fiz 12 massagens e não sinto mais nada."
Os relatos de cura estão em todas as bocas. Quitéria Ferreira da Silva, 75, não andava mais de dores no nervo ciático; Rosalina S., 35, curou-se de um câncer no seio; Iraides Santana, 56, tinha dores em tantos lugares que não sabia mais qual especialista procurar; Mishasi Susuki, 78, só esperava para morrer; Sonia Merbach, 47, já tinha sido "desenganada" pelos médicos.
Enquanto os pacientes relatam, o professor Hirota apenas sorri. "A cura está dentro de você", diz. Em busca dessas curas, a pequena chácara de Hirota já chegou a receber 5.000 pessoas por dia.
A cura pressupõe muita fé, às vezes cega. Em alguns casos, Hirota aconselha os pacientes a abandonar os medicamentos. "A quimio e a radioterapia queimam o corpo por dentro", ele diz.
Dois sábados por mês, o professor convida as pessoas para suas palestras ecológicas. "Se não salvarmos as florestas, a vida na Terra morrerá junto" (AB)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.